A velha expressão “ano novo” é mais antiga que o ano velho, deve ter a idade do ano zero. Mas ela se renova a cada passagem de um ano para o outro, ela se faz nova no sonho de mudança, na esperança das pessoas que querem e buscam o novo. Quando ouvimos alguém dizer “ano novo”, sentimos que de fato está para vir algo novo em nossa vida e quando pronunciamos essas palavras, igualmente sentimos a sensação de estar anunciando a novidade, um tempo novo e melhor. Ás vezes, infelizmente, os votos de ano novo são apenas formalidades, mas o simples fato de fazer ou receber felicitações de ano novo cria um sentimento de esperança, de crença na vida, no futuro e um alívio diante das decepções passadas. É sempre bom ouvir e dizer: “Feliz Ano Novo”.
Para ser novo, deve ser feliz, diferente e melhor do que tudo o que já foi. Mas no final de um ano que se desejou que fosse feliz, de realizações e de prosperidade, corremos o risco de olhar só para o horizonte e esquecer da ação de graças por todo o bem que tivemos ao longo do ano passado. O ano que terminou teve coisas positivas, situações agradáveis e também difíceis. O positivo em nossa vida pode nos dar a sensação de vitória, de sucesso e o negativo pode servir de lição, de experiência para fazer diferente ou não repetir certas coisas. As situações negativas, difíceis que passamos podem nos dar a certeza de que somos fortes e capazes de superar obstáculos. O certo é que nossa vida deve ser lembrada. É preciso celebrar o passado, tendo a esperança sempre presente para continuar no caminho do futuro.
O tempo não pára, nós é que paramos ou voltamos no tempo, esquecemos o modo de caminhar adiante. É preciso ter os pés no chão como as galinhas que, para sobreviver, ciscam a sujeira. Mas também é preciso abrir azas, como as águias que não temem as alturas e, no cotidiano, cumprem solenemente sua vocação de voar alto e buscar o infinito. A vida deve ser vivida com algumas certezas e reais possibilidades, mas é preciso viver com utopias e sonhos que até pareçam impossíveis. Nesses momentos celebrativos de Natal e Ano Novo as pessoas, normalmente, mudam o modo de ser e de agir. O Natal renova nossa fé e nos dá segurança e a certeza de que Deus nos ama. A vinda de um ano novo nos faz olhar para o futuro e renovar os sonhos, as esperanças, as convicções, os ideais que vão sustentar nossa caminhada durante o ano que começa. É preciso desejar e anunciar o novo, mas é preciso lutar todos os dias para que a feliz novidade se concretize. O ano de 2004 terminou mostrando a necessidade de sermos solidários e que ninguém, nesse próximo ano, poderá dizer não à solidariedade. Que 2005 seja um ano de sonho e luta, de esperança e trabalho, de fé e ações em favor da vida, da paz e da dignidade de todas as pessoas.
Frei Pilato Pereira – pilato@CapuchinhosRS.org.br