Annan visita Sudão e cobra mais segurança na região

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Publicado quinta-feira, 1 de julho de 2004 as 09:14, por: CdB

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, disse nesta quinta-feira, durante visita ao oeste do Sudão, que o governo deve proteger as aldeias das milícias árabes que atacam a região e provocaram a fuga de 1 milhão de pessoas. Annan chegou ao Sudão nesta quarta-feira e se reuniu com o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, e autoridades sudanesas.

Powell disse que os EUA querem ver nas próximas semanas ação que garanta o acesso de funcionários de ajuda humanitária e o desarmamento das milícias árabes, conhecidas como Janjaweed. Segundo grupos de defesa dos direitos humanos, os milicianos estão fazendo uma campanha de limpeza étnica na região de Darfur.

Na cidade de El Fasher, capital do Estado de Darfur Norte, Annan encontrou-se com o governador Osman Kebir e apresentou as exigências internacionais de que o governo sudanês acabe com a crise humanitária.

“A responsabilidade do governo é garantir a lei e a ordem para que as pessoas possam continuar suas vidas”, disse Annan. “Todos nós concordamos que a segurança é extremamente importante. Todas as medidas devem ser tomadas para fornecer segurança para que as pessoas voltem.”
Annan foi ao campo para onde dirigiram-se agricultores após os saques e incêndios causados pelos Janjaweed, cerca de 17 quilômetros ao sul de El Fasher.

Depois de anos de conflitos entre tribos árabes nômades e agricultores africanos, dois grupos se rebelaram no ano passado, acusando Cartum de armar os Janjaweed, o que o governo nega. A ONU afirma que a luta criou a pior crise humanitária do mundo.

Powell pressionou o Sudão, ameaçando aprovar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU caso o país não desarme a milícia e permita o acesso de ajuda. O ministro das Relações Exteriores do Sudão, Mustafa Osman Ismail, garantiu a Powell que seu país está trabalhando para levar segurança a Darfur e que intensificará as negociações com os rebeldes. Os dois grupos assinaram um cessar-fogo humanitário em 8 de abril, mas ambos trocam acusações de violações.

O coordenador de ajuda da ONU Jan Egeland disse a repórteres em Darfur na quinta-feira que a organização foi lenta em agir na região, onde trabalhadores humanitários estimam que 350 mil pessoas possam morrer este ano em consequência de doenças e subnutrição.

Mas Egeland também culpou Cartum por não agir. “Temos que admitir que estamos atrasados em Darfur”, disse. “A única coisa em abundância em Darfur são armas. É mais fácil conseguir um fuzil Kalashnikov do que um pedaço de pão.”

A ONU disse que aumentou sua presença nos campos de refugiados, mas que as chuvas se aproximam e poderão trazer doenças e malária e tornar impossível a passagem por estradas.