O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, defendeu o órgão em artigo no Wall Street Journal desta terça-feira, dizendo que ele é “vital para a humanidade”. A ONU é atualmente marcada por escândalos que vão desde o programa de petróleo no Iraque até abusos sexuais por tropas de manutenção da paz.
– Servi na ONU minha vida inteira. Fiz, e ainda estou fazendo, tudo o que posso para corrigir suas imperfeições, e para melhorá-la e fortalecê-la. E acredito profundamente na importância dessa tarefa, porque uma ONU forte é de vital importância para a humanidade – disse ele.
Annan tratou das acusações de má administração e corrupção no programa petróleo-por-comida do Iraque, já extinto, e admitiu que houve falhas, mas apontou exagero de alguns críticos.
Legisladores dos Estados Unidos e uma investigação conduzida por um ex-chairman do Federal Reserve norte-americano, Paul Volcker, descobriram falhas administrativas, falta de auditorias e irregularidades, mas não foram encontrados crimes.
– Algumas das afirmações mais hiperbólicas sobre o programa (petróleo-por-comida) provaram-se falsas. Mesmo assim sou o primeiro a admitir que falhas reais…foram trazidas à luz. Estou determinado, com a ajuda de países-membros, a realizar as reformas administrativas que são claramente exigidas pelas descobertas do senhor Volcker – disse Annan .
Annan também abordou as investigações da ONU sobre as alegações de exploração sexual de mulheres e crianças por soldados de manutenção de paz na República Democrática do Congo.
– Tanto o secretariado da ONU quanto os países-membros foram lentos em perceber a amplitude desse problema, tomar medidas efetivas para acabar com ele e punir os culpados. Mas agora estamos fazendo isso – ressaltou.
Annan disse que a ONU demonstrou sua importância desde a ajuda com os esforços depois do tsunami na Ásia até a guerra do Iraque.
– A guerra no Iraque, dois anos atrás, levou muita gente de todos os lados a perder a fé na ONU – escreveu.
Mas acrescentou:
– Justamente pelo fato de as Nações Unidas não concordarem com algumas ações anteriores no Iraque, hoje ela tem a tão necessária credibilidade e o acesso a grupos iraquianos que devem concordar em participar do novo processo políticos para que a paz prevaleça – enfatizou.
– A ONU pode ser útil porque é vista como independente e imparcial. Se fosse vista como um mero instrumento de prolongamento da política externa dos EUA, não teria utilidade para ninguém – sentenciou.