Amizade e interesse comum unem Bush e Blair

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Publicado domingo, 6 de abril de 2003 as 10:53, por: CdB

George W. Bush e Tony Blair se reúnem esta segunda-feira, em Belfast (Irlanda do Norte), pela terceira vez em três semanas, um testemunho da sólida amizade que os une, assim como de seu interesse comum.

“Os Estados Unidos aprenderam muito sobre Tony Blair nas últimas semanas. Aprendemos que ele é um homem de palavra, que é corajoso, tem uma visão, e estamos orgulhosos por tê-lo como amigo”, afirmou Bush durante a última reunião ocorrida nos Estados Unidos, em 27 de março.

No entanto, o primeiro-ministro social-democrata e o presidente republicano conservador estão longe de pertencer à mesma família política. Eles compartilham, sim, do mesmo ponto de vista formado depois dos atentados de 11 de setembro, em Nueva York e Washington, sobre os riscos do terrorismo internacional e da necessidade de vencer Saddam Hussein. Mas a diferença na forma de conduzir seus interesses são flagrantes.

Mais do que reuniões internacionais, Bush prefere a diplomacia por telefone, multiplicando as ligações aos dirigentes do mundo inteiro. O primeiro-ministro espanhol José María Aznar e o presidente russo Vladimir Putin receberam telefonemas dele no último sábado (5). Por outro lado, Bush não se comunica há semanas com os líderes que se opuseram à sua vontade de intervenção militar, como o chanceler alemão Gerhard Schroeder e o presidente francês Jacques Chirac.

Apesar de fracassar em obter o apoio das Nações Unidas para desarmar Saddam Hussein pela força, não desistiu de sua estratégia, mesmo sob o risco de prejudicar as relações dos Estados Unidos com a comunidade internacional. A atuação internacional na reconstrução do Iraque depois da guerra, no entanto, é um dos temas principais da reunião de Belfast.

Por outro lado, para Tony Blair, cujo país faz parte da União Européia e professa uma aproximação internacionalista, a preocupação maior é comprometer os países que se opõem à guerra, especialmente seus sócios franceses e alemães, além de desejar que a ONU tenha um lugar nesse processo.

Bush sabe que tem o apoio da maioria da opinião pública americana, enquanto que a dos britânicos é mais oscilante.

Uma pesquisa realizada pela ABC e o jornal Washington Post, publicada no último sábado (5), mostra que 69%, frente a 53% no início da guerra, consideram que o conflito é justificado. A taxa de aprovação de Bush chega aos 71%, a mais alta desde meados do ano passado.

Do lado britânico, o apoio à guerra é da ordem de 55%. Para 64% dos entrevistados no início do mês pelo Daily Telegraph, a principal preocupação diz respeito à atitude dos Estados Unidos e o risco de ignorar a opinião de outros países.