Americanos ganham Prêmio Nobel de Medicina

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado segunda-feira, 2 de outubro de 2006 as 21:35, por: CdB

Os americanos Andrew Z. Fire e Craig C. Mello são os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2006, comunicou nesta segunda-feira o Instituto Karolinska de Estocolmo. A descoberta que levou à conquista do prêmio, chamada interferência de RNA, desvenda um mecanismo capaz de abafar a expressão dos genes. Além de já estar sendo usada em pesquisa básica, a interferência poderá gerar novas estratégias de tratamento para doenças como câncer e aids.

Os ganhadores do Nobel deste ano “descobriram um mecanismo fundamental para controlar o fluxo de informação genética”, de acordo com o anúncio divulgado pela Fundação Nobel.
O genoma opera enviando instruções para a fabricação de proteínas. Essas instruções partem do DNA, no núcleo, e são implementadas por organelas no citoplasma. Essas instruções são transmitidas pelo RNA mensageiro, ou mRNA. Em 1998, os cientistas Fire e Mello publicaram a descoberta de um mecanismo capaz de desativar o mRNA para um gene específico.

Esse mecanismo, a interferência de RNA, é ativado quando moléculas de RNA ocorrem em pares de seqüência dupla dentro da célula. O RNA de seqüência dupla desencadeia um mecanismo que desativa o mRNA com código genético idêntico ao do RNA duplo. Quando essas moléculas de mRNA desaparecem, o gene correspondente é silenciado, e nenhuma proteína do tipo que o gene codificada é produzida.

A interferência de RNA ocorre em vegetais, animais e seres humanos. É importante na defesa contra infecções por vírus, que atuam “seqüestrando” o mecanismo de produção de proteínas das células, e já está sendo usada como ferramenta de pesquisa, como metido para determinar a função de genes específicos.

O Nobel de Medicina distribui um prêmio de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,3 milhão) e será entregue em 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel, fundador dos prêmios.
Nascido em 1959 em Santa Clara, na Califórnia, Fire é professor de biologia do Instituto de Tecnologia de Cambridge e professor de patologia e genética da Universidade de Medicina de Stanford, nos Estados Unidos. Mesmo que seu interesse inicial estivesse relacionado à matemática, com 19 anos Fire transferiu-se para o prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, para trabalhar em uma linha de investigação de biologia celular no laboratório do professor Philip Sharp, vencedor do Nobel de Medicina em 1993.

Depois de doutorar-se em 1983 com uma dissertação sobre os adenovírus, Fire mudou-se para a Grã-Bretanha para trabalhar com um Sidney Brenner, considerado pai da biologia molecular e prêmio Nobel de Medicina em 2002. Professor adjunto da Universidade Johns Hopkins de Baltimore, Fire dividiu outros prêmios com Mello, como o de Biologia Molecular da Academia Nacional das Ciências, em 2003, e o Paul Ehrlich, em 2006.

Craig C. Mello, de 46 anos, estudou Bioquímica na Universidade de Brown e licenciou-se em Biologia em Harvard, onde leciona a biologia até hoje. Mello fez pós-graduação sobre câncer no laboratório do médico James Priess, e foi incorporado ao programa de medicina molecular da Universidade de Massachusets em 1994. O pesquisador também é professor de medicina molecular no Instituto de Investigação Howard Hughes, e conta com o prêmio Dr. Lewis S. Rosenstiel por seu trabalho diferenciado no campo das ciências médicas e básicas, além de ter sido premiado com pela Fundação Internacional de Gairdner, que reconhece os pesquisas na área médica.