Alta da moeda chinesa não deve alterar relação comercial com Brasil

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Publicado segunda-feira, 25 de julho de 2005 as 17:58, por: CdB

A recente medida de valorização da moeda chinesa (yuan) em 2,1%, adotada na última semana pelo governo da China, não irá modificar a balança comercial com o Brasil no curtíssimo prazo, avaliou nesta segunda o ministro interino do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, em palestra no Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros do Rio de Janeiro (Ibef/RJ).

Ele disse concordar com a maioria dos analistas, que afirmam que apenas 2% não são suficientes para modificar o quadro comercial existente entre Brasil e China. – O que achamos importante é que é um sinal. Agora o câmbio chinês começa a flutuar e as possibilidades (de aumento nas exportações) são, a médio e longo prazo, principalmente (boas) para os produtos manufaturados (do Brasil) – afirmou.

Observou que os produtos básicos, como soja e minério de ferro, que compõem a principal pauta exportadora brasileira para a China e já têm contratos de fornecimento, não devem sofrer modificação mais expressiva. – Em um processo contínuo de flutuação cambial, o produto manufaturado brasileiro, que hoje é exportado para economias bastante competitivas e onde existe uma concorrência grande, como Estados Unidos por exemplo, Argentina ou países da América do Sul, podem ficar mais competitivos para o consumidor chinês. Essa é a grande preocupação nossa.

Ivan Ramalho avaliou que a exportação brasileira para a China está ainda com uma pauta muito concentrada em básicos “e é importante que o Brasil consiga diversificar”. O ministro interino do Desenvolvimento disse ver boas possibilidades para a indústria de máquinas e equipamentos, material de transporte, aviação (a Embraer já tem negócios com a China, lembrou), dentre outros produtos manufaturados que o Brasil já exporta e que pode ampliar os embarques para a China.

-A China, embora seja sabidamente muito competitiva na área de manufaturas e produtos industrializados, não produz tudo que consome. A China é também uma grande importadora mundial. A corrente de comércio anual da China atinge atualmente mais de U$ 1 trilhão. Ainda  é a 3ª maior exportadora mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e Alemanha, com exportações anuais acima de R$ 600 bilhões. Mas não podemos nos esquecer que a China também importa anualmente R$ 500 bilhões – sublinhou.