Alfonso Arau diz que seu filme sobre Zapata é revolucionário

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Publicado quinta-feira, 29 de abril de 2004 as 13:28, por: CdB

O diretor mexicano Alfonso Arau acha que seu filme mais recente, “Zapata: El Sueno del Heroe”, pode revolucionar o cinema de seu país.

Arau disse na terça-feira que “Zapata”, protagonizado pelo cantor Alejandro Fernandez no papel do revolucionário mexicano, oferece uma “oportunidade global” a um cinema “que vem sofrendo em função de sua visão local”.

Mas vários jornalistas que assistiram a uma exibição do filme feita para a imprensa, na manhã da terça-feira, criticaram “Zapata” abertamente numa coletiva de imprensa posterior, descrevendo o filme como repleto de clichês, de atuação pobre e caráter demasiado hollywoodiano.

O diretor também foi alvo de críticas de historiadores, alguns dos quais consideraram que o filme biográfico traça um retrato superficial demais do herói revolucionário.

Apesar disso, o diretor de “Como Água para Chocolate” disse que nunca foi sua intenção abordar o projeto desde uma perspectiva puramente histórica.

“Esta é uma fábula”, disse ele. “Os historiadores trabalham em outra parte do prédio.”

A produção de 8 milhões de dólares, a mais cara na história do cinema mexicano, estréia nesta sexta-feira. A Televisa Cine, unidade de distribuição cinematográfica internacional da Televisa, pretende distribuir o filme nos Estados Unidos.

“Zapata” vem causando frisson há meses. Alguns historiadores e críticos de cinema disseram que Arau, que redigiu o roteiro, recriou um Zapata feito para Hollywood.

Alguns acham que o Zapata retratado por Arau, um guerreiro sagrado que praticava a religião antiga do xamanismo e falava a língua indígena nahuatl, mais parece produto do realismo mágico do estilo do diretor.

Consequentemente, afirmam, o filme ignora e em alguns momentos distorce determinados fatos históricos.

De acordo com a historiadora Edna Maria Orozco, diretora do Museu Nacional da Revolução, o verdadeiro Zapata era um mestiço de língua castelhana e é pouco provável que praticasse o xamanismo.

Arau declarou na terça-feira que criou de propósito uma história mística e simbólica com poder de atração universal.