O vice-presidente José Alencar criticou duramente a gestão de Lula, em entrevista a um jornal de Minas Gerais. Ele disse que o governo tem adiado ações urgentes em infra-estrutura e sociais e citou as áreas de saneamento e transportes que, em sua opinião, estavam abandonadas no governo passado e continuam estagnadas. O vice-presidente disse que os pontos anunciados na campanha presidencial ainda não saíram do papel.
– Nosso discurso de campanha ainda não assumiu o poder – disse o vice-presidente.
Ele destacou que a falta de recursos atinge as estradas de ferro e a recuperação de portos e aeroportos em todo o país:
– São coisas urgentes que não estão recebendo financiamento, como é o caso do saneamento básico – ressaltou o vice de Lula.
Ele atacou também a falta de investimentos em saúde e educação. Afirmou que, desde 2002, não houve qualquer aplicação relevante nos dois setores, que poderiam ter sido contemplados se fosse levado em conta o aumento da arrecadação, impulsionado pelas altas taxas de juros.
– Não houve obra de recuperação, nada. Por quê? Faltou dinheiro? Não poderia ter faltado – criticou o vice-presidente, que também atacou o governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo ele, parte da culpa pela falta de investimento vem da gestão do PSDB que aumentou as taxas de juros mas não investiu onde deveria. Mas o vice-presidente admitiu que não há avanços no governo do qual faz parte.
As altas taxas de juros continuam um problema, na avaliação do vice-presidente, que defende rompimento com as convenções e propõe uma revolução para retomar o crescimento. Se não houver uma mudança radical, o vice-presidente diz que o país estará liquidado.
– Entre todos os países civilizados, o Brasil é o único que adota essa política monetária… O país está liquidado com essa taxa de juros. Não podemos continuar assim. Não há taxas de juros no mundo capazes de combater esse tipo de inflação – reclamou.
Alencar, que completa 74 anos em outubro, não sabe se será convidado a disputar um segundo mandato com o presidente Lula. Mas não descarta a possibilidade de participar da disputa no ano que vem. Se o PL o apoiar, o vice-presidente disse que pode ser candidato a deputado estadual, deputado federal, senador, governador e até a presidente da República.