Alemanha: fluxo de imigrantes complica metas de emissão de CO2

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Publicado sexta-feira, 4 de dezembro de 2015 as 11:28, por: CdB

Por Redação, com agências internacionais – de Berlim:
A chegada de até 1 milhão de imigrantes à Alemanha este ano pode tornar mais difícil para o governo atingir os objetivos de redução de emissão de CO2 até 2020, alertou um conselheiro de política energética do governo.
A Alemanha se considera líder na luta contra as mudanças climáticas e fixou a ambiciosa meta de redução das emissões de CO2 em 40 %  até 2020 em relação aos níveis de 1990. Especialistas, no entanto, dizem que essa meta já está em sério risco, em parte devido à dependência de usinas a carvão e ao lento progresso na implementação de um plano de ação climática definido no ano passado.

Presidente alemão, Joachim Gauck, encontra imigrantes em acampamento temporário em Bergisch Gladbach, perto de Colônia
Presidente alemão, Joachim Gauck, encontra imigrantes em acampamento temporário em Bergisch Gladbach, perto de Colônia

Para complicar ainda mais esse quadro a imigração está acima do previsto, disse Andreas Loeschel, professor de economia de energia e recursos da Universidade de Muenster.
Previsões demográficas são um dos componentes utilizados para determinar estimativas de emissões futuras.
– As projeções oficiais do governo alemão são construídas sobre premissas de crescimento da população que estão desatualizadas – disse Loeschel, que também preside um comitê independente de monitoramento do progresso do distanciamento da Alemanha de combustíveis fósseis e energia nuclear, conhecido como o “Energiewende”.
Até um milhão de refugiados são esperados na Alemanha este ano. Mas as projeções climáticas atuais do governo são baseadas em imigração líquida anual de cerca de 200 mil pessoas.
As previsões populacionais atualizadas pelo Departamento Federal de Estatísticas em abril admitiam que a imigração líquida anual ira ser superior a 200 mil até pelo menos 2018, e chegaria a 500 mil este ano.
Mas Loeschel diz que essas previsões também podem ser consideradas muito modestas, já que foram divulgadas antes do aumento acentuado dos refugiados a partir de meados do ano. Tendo isso em conta, a população da Alemanha, em 2020, poderia ser de 2 milhões a 2,5 milhões maior que o projetado.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, um acréscimo de 1 milhão de habitantes aumenta as emissões de CO2 em 6,4 milhões de toneladas de CO2 por ano.
Isso é equivalente a cerca de metade do CO2 que o governo pretende economizar.
Um porta-voz do Ministério da Economia disse que não ter dados sobre como o afluxo de refugiados pode ter impacto de consumo de energia e emissões de CO2, mas acrescentou que há uma ampla gama de medidas para ausmentar a eficiência energética e reduzir seu consumo.
Imigrante morre na fronteira
Um imigrante morreu eletrocutado na quinta-feira na fronteira da Grécia com a Macedônia, ao subir num trem, na tentativa de entrar em território macedônio. Pelo segundo dia consecutivo, a polícia entrou em confronto com imigrantes impedidos de continuar viagem.
O homem que morreu seria do Marrocos e estava entre os cerca de 1,5  imigrantes mantidos pela Macedônia na cidade grega de Idomeni. Há quase duas semanas, seguindo o exemplo da Sérvia e da Croácia, o país começou a restringir a passagem pela rota dos Bálcãs, só permitindo a entrada em seu território de cidadãos oriundos da Síria, Iraque e Afeganistão.
A morte aumentou ainda mais a tensão na região. Um grupo de marroquinos tentou cruzar a fronteira, levando o corpo, e a polícia grega usou gás lacrimogêneo para afastá-los. “Vamos todos morrer aqui. Não vamos embora”, afirmou um deles. As autoridades declaram que a morte foi intencional, precipitada pelo desespero de estar retido há dias a região.
No último sábado, em incidente semelhante, um marroquino foi eletrocutado, sofrendo queimaduras graves, ao tocar um cabo de alta tensão. Ele tentava atravessar a fronteira no teto de um vagão de trem. Sua morte desencadeou protestos: cerca de 250 imigrantes entraram em confronto com a polícia. O embate terminou com 18 policiais feridos.
Tensão e violência
Antes do incidente desta quinta-feira, a polícia macedônia já havia entrado em choque com imigrantes. Impedidos de seguir viagem, eles protestaram e atiraram pedras contra os agentes de seguranças, que responderam com gás lacrimogêneo.
No início da manhã, um grupo destruiu alojamentos num campo operado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Na quarta-feira, centenas de imigrantes barraram a passagem dos refugiados, gritando: “Se não atravessarmos, ninguém vai.”
A maioria dos imigrantes detidos vem do Paquistão, Irã e Marrocos. Para tentar controlar a situação, a Macedônia construiu uma cerca na fronteira com a Grécia . O governo grego diz estar tentando convencer os que estão na região a irem para Atenas, onde entrariam com pedido de asilo, pois na Macedônia não há mais alojamento disponível.
Na tentativa de controlar a situação, a União Europeia anunciou que até a próxima semana enviará ao local mais agentes da Frontex, a missão europeia de patrulhamento de fronteiras. A equipe auxiliará autoridades gregas no registro dos refugiados.