Al-Qaeda nega ligação em ataques e acusa EUA

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Publicado quarta-feira, 3 de março de 2004 as 19:11, por: CdB

A rede terrorista internacional Al-Qaeda negou qualquer responsabilidade pela morte de 171 xiitas em Bagdá e em Karbala e acusou os EUA de ter perpetrado os massacres que converteram ao dia de ontem no mais mortífero do pós-guerra no Iraque. “Não temos nada a ver com esses atentados”, explica o comunicado de 2 de março assinado pelas Brigadas de Abu Hafs Al-Masri, vinculadas à organização patrocinada por Osama Bin Laden e as quais a administração civil americana acusa diretamente de estar por trás dos atentados de ontem.

Abu Hafs al-Masri foi o chefe de operações militares da Al-Qaeda até morrer em um dos bombardeios do Exército americano no Afeganistão, em outubro de 2001. Segundo o documento, “os norte-americanos tentam atribuir esses atentados aos combatentes da Al-Qaeda que dificultam a vida deles no Iraque e em outros lugares”. “Esta grande desgraça faz parte de um complô americano que tem por objetivo provocar uma guerra entre os muçulmanos do Iraque. As forças dos Estados Unidos perpetraram hoje (ontem, terça-feira) um assassinato em massa de xiitas inocentes”, afirma o texto recebido pelo Al-Quds Al-Arabi, jornal que já publicou alguns comunicados emitidos por esse grupo terrorista.

Os jornalistas deste meio de comunicação afirmam que o comunicado é autêntico e que está entre os documentos mais destacados já veiculados por esse jornal. O Al-Quds Al-Arabi publicou o comunicado em que o grupo se responsabilizava pelo atentado perpetrado contra duas sinagogas em Istambul em novembro do ano passado e pelo ataque feito com um caminhão-bomba contra a sede da ONU em Bagdá, em agosto. “Batemos nas forças norte-americanas e em seus aliados. Batemos na polícia iraquiana que trabalha sob as ordens dos Estados Unidos e que é utilizada como um bastão para bater nos combatentes que estão no Iraque”, prossegue o comunicado.

O grupo também admite que ataca os membros do Conselho de Governo e todos aqueles que “giram em sua órbita, sendo eles sunitas ou xiitas”. Além disso, as brigadas prometem voltar a atacar as pessoas que colaboram com os EUA no Iraque. “Não aproximem essas pessoas de nenhuma instituição dos infiéis ou dos apóstatas”, adverte o texto aos iraquianos antes de transmiti-lhes as saudações do “emir dos crentes”, o mulá Omar, chefe dos talibãs, do xeque Osama Bin Laden e do xeque Ayman Al-Zawahiri, “número dois” da Al-Qaeda.

O general Mark Kimmitt, diretor adjunto de operações e porta-voz militar da Coalizão, informou hoje sobre a detenção de 15 homens em Karbala, sem especificar suas nacionalidades, por suposta vinculação com as explosões. Kimmitt assegurou, no entanto, que quatro deles falam o farsi, língua oficial do Irã. A mesma fonte negou ter detido ontem um suposto quarto suicida relacionado aos atentados e afirmou que os dois detidos na zona de Kadhumiya, um cidadão sírio e um palestino, tinham sido postos em liberdade por falta de provas.

O atual presidente do Conselho de Governo, Mohamed Baher al Ulum, informou esta tarde sobre a detenção de um terrorista suicida na cidade de Nayef, perto de Karbala e sobre a desativação de outro carro-bomba na mesma cidade. Por sua vez, o administrador civil do Iraque, o americano Paul Bremer, assegurou que os Estados Unidos vão dedicar um suplemento adicional de 60 milhões de dólares para melhorar a segurança do país.