Agentes da PF encurralam Wassef em restaurante e confiscam celular

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Publicado quinta-feira, 17 de agosto de 2023 as 17:55, por: CdB

Wassef estava no alvo da PF desde a última sexta-feira, mas não havia sido localizado quando uma operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão para investigar a venda e recompra irregular de joias destinadas ao governo brasileiro. O suspeito é investigado por suposto envolvimento em um esquema de venda de joias presenteadas ao antigo governo brasileiro.

Por Redação – de Brasília

Localizado por agentes federais em um restaurante na Zona Sul de São Paulo, na noite passada, o advogado Frederick Wassef teve seu telefone celular apreendido. O carro de Wassef também foi revistado pelos agentes, segundo relatório encaminhado à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, ao qual a reportagem do Correio do Brasil teve acesso.

Frederick Wassef
O advogado Wassef atua como defensor de Bolsonaro no caso das joias sauditas

Wassef estava no alvo da PF desde a última sexta-feira, mas não havia sido localizado quando uma operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão para investigar a venda e recompra irregular de joias destinadas ao governo brasileiro. O suspeito é investigado por suposto envolvimento em um esquema de venda de joias presenteadas ao antigo governo brasileiro.

A PF constatou que o relógio, que integrava o kit de joias sauditas recebidas por Bolsonaro em uma viagem oficial em 2019, foi vendido nos Estados Unidos e recomprado por um preço mais alto após o TCU (Tribunal de Contas da União) ordenar a devolução dos presentes que o ex-presidente ganhou.

Caso do Rolex

— Comprei o relógio, a decisão foi minha, usei meus recursos, eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. O governo brasileiro me deve R$ 300 mil — alegou o advogado, em entrevista a jornalistas, na noite passada.

Ele também afirmou ter “conta aberta nos Estados Unidos”, em um banco de Miami.

— O meu objetivo quando comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, Presidência da República, e isso inclusive por decisão do Tribunal de Contas da União — continuou.

Wassef negou, no entanto, os detalhes sobre para quem ele entregou o Rolex.

— Não vou falar, não posso falar. Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro, e não foi o coronel Cid — desconversou.

Novo advogado

Ao lado de Wassef, o tenente-coronel Mauro Cid, também envolvido no esquema criminoso, encontra-se em situação difícil junto às autoridades policiais. Na véspera, as declarações do recém-contratado advogado do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro causaram inquietação entre oficiais do Exército, trazendo questionamentos sobre a trajetória da defesa do militar.

O advogado Cézar Bittencourt afirmou, em entrevista à mídia conservadora, que Cid apenas “cumpria ordens”. Essas palavras referem-se ao caso das joias presenteadas ao então presidente, que foram desviadas e vendidas nos Estados Unidos.

Fontes militares relataram ao jornalista Ricardo Noblat, em seu blog, que a família Cid não teria sido consultada previamente sobre a entrevista do advogado, e que a declaração não seria uma representação de sua opinião. Ademais, destacam que Bittencourt ainda não teve a oportunidade de se encontrar com o ex-ajudante de ordens, tendo estabelecido contato inicial apenas com o general Mauro Lourena Cid e com Gabriella Cid, mulher do tenente-coronel.

Obediência

Esse fato, segundo as fontes, poderia ser o suficiente para considerar a substituição da defesa de Cid pela terceira vez. Os advogados anteriores foram Rodrigo Roca, que tinha maior interesse em não envolver Bolsonaro, e Bernardo Fenelon, que se demitiu alegando “quebra de confiança”.

O advogado atual alegou que Cid estava seguindo ordens hierárquicas e que não tinha a liberdade de se desviar delas, dado o seu papel como assessor militar de Bolsonaro.

— Assessor cumpre ordens do chefe. Assessor militar com muito mais razão. O civil pode até se desviar, mas o militar tem por formação essa obediência hierárquica. Então, alguém mandou, alguém determinou. Ele é só o assessor. Assessor faz o quê? Assessora, cumpre ordens — resumiu Bittencourt.

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