Os dissidentes liderados por Jereissati aplicaram, na noite passada, uma nova derrota à facção que aprova a permanência do “mineirinho”, apelido de Aécio Neves, à frente do partido.
Por Redação – do Rio de Janeiro e São Paulo
Dividido e com o presidente afastado, senador Aécio Neves (PSDB-MG), após escândalo deflagrado pela delação premiada de executivos do Grupo JBS, o ninho tucano segue em uma convulsão interna que ameaça a constituição da legenda. Decidido a afastar o colega mineiro da direção partidária, o também senador e presidente interino, Tasso Jereissati (CE), mostrou que tem ascendência sobra a maioria dos parlamentares.
Os dissidentes liderados por Jereissati aplicaram, na noite passada, uma nova derrota à facção que aprova a permanência do “mineirinho” à frente do partido. O apelido de Neves foi grafado na lista de suspeitos de corrupção na Construtora Norberto Odebrecht; outro processo a que responde no Supremo Tribunal Federal (STF).
Propina
Aécio Neves, no entanto, ainda demonstra ter alguma força. Mesmo após receber um ultimato da bancada do PSDB no Senado para renunciar à Presidência do partido o suspeito de crimes como formação de quadrilha e corrupção passiva e ativa comunicou ao senador Jereissati, nesta quinta-feira, que permanecerá no cargo por mais dois meses; até dezembro. O partido pretende eleger a nova Executiva Nacional, até o final deste ano.
Aécio está licenciado do cargo desde maio. Ele tem dito a interlocutores que a renúncia seria uma confissão velada de culpa sobre as denúncias de que teria recebido R$2 milhões de propina do empresário Joesley Batista, do JBS. Aécio pretende concorrer a um novo cargo público, em 2018, caso haja eleições no país.
“Se Aécio não renuncia ao PSDB o PSDB deveria renunciar ao Aécio.O partido é maior do que o investigado por propina”, escreveu o ex-deputado tucano Marcelo Itagiba (RJ). Em sua página, em uma rede social, Itagiba acrescentou que “ele dá abraço de afogado”. Parcela majoritária da legenda parece concordar com o tucano, ex-secretário de Segurança do Estado do Rio.
Convenção nacional
Mas os senadores que achavam inviável a manutenção de Aécio no cargo, agora mudaram de ideia. O argumento é que a mudança poderia causar um novo tumulto no partido a menos de 40 dias da convenção. Por ora, apenas o governador de Goiás, Marconi Perillo, lançou candidatura ao cargo. Jereissati já avisou que não irá disputar a presidência definitiva do PSDB.
Perillo e o governador paulista Geraldo Alckmin (São Paulo) foram favoráveis a que Neves permaneça até dezembro. Ambos reuniram-se, em São Paulo, nesta tarde para conversar sobre a crise interna do partido. Eles consideraram desnecessária a saída definitiva de ‘mineirinho’ da direção da legenda. Disseram, a jornalistas, que ele ja1 está licenciado desde maio. Mais um ou dois meses no posto não devem pesar ainda mais no desgaste da legenda.
— Estando tão próximo da convenção é desnecessário fazer uma mudança a essa altura. Faltam menos de 40 dias para a convenção nacional do partido — disse Perillo.
Alckmin candidato
O governador goiano, na reunião como Alckmin, aproveitou para pedir apoio ao seu objetivo de presidir o partido. Sobre a disputa entre Alckmin e o prefeito João Doria para a vaga de candidato do PSDB à Presidência da República em 2018, Perillo evitou comentários.
A dianteira do tucano paulista frente ao prefeito Doria ficou ainda mais evidente em um outro encontro. Nesta manhã, Alckmin assinou convênio com o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg (PSB), para implantação de acordo de cooperação visando a redução de acidentes de trânsito no Estado e no Distrito Federal.
Rollemberg demonstrou otimismo com a possibilidade de uma aliança PSDB-PSB na hipótese de oficialização da candidatura de Alckmin ao Planalto.
— O governador Alckmin tem o apreço do PSDB e é uma possibilidade concreta colocada no cenário de alianças do partido — concluiu Rollemberg.