Acusado de comandar ataques em Bali pode pegar pena de morte

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado segunda-feira, 2 de junho de 2003 as 09:19, por: CdB

Um tribunal da Indonésia começou nesta segunda-feira a julgar Imam Samudra, acusado de ter orquestrado os ataques a bomba em Bali que deixaram mais de 200 mortos em outubro do ano passado.

Se for condenado, Imam Samudra pode pegar a pena de morte, de acordo com as leis antiterror aprovadas semanas depois dos atentados.

Ao entrar no tribunal de Bali, com as mãos atadas atrás das costas, o acusado gritou palavras de ordem religiosas. Ele confirmou sua identidade e os sete apelidos que acumulou nos anos de militância islâmica.

Depois, sentou calado por quase duas horas ouvindo a lista de acusações contra ele: conspiração para atos de terrorismo, uso de explosivos e uso da violência para causar terror e mortes, entre outros.

Três bombas explodiram em Bali em outubro. A primeira, fora do consulado americano em Denpasar, causou apenas reduzidos danos materiais.

As outras duas, uma dentro do bar Paddy’s e outra em frente à boate Sari, fizeram 202 mortos, a maioria turistas estrangeiros de férias no local.

De acordo com a investigação da polícia indonésia, Imam Samudra foi o responsável pela escolha da boate e coordenou os encontros para a realização dos atentados.

Ele teria ainda ficado em Bali quatro dias depois dos ataques para acompanhar a investigação da polícia.

Além disso, Imam Samudra é acusado de ter organizado um assalto para financiar os atentados e de ter se envolvido em outra série de ataques a bomba em dezembro de 2000.

Os advogados de defesa dizem que a acusação contra Imam Samudra é muito longa e complicada e que a investigação que levou à sua prisão não foi correta por causa da presença de agentes estrangeiros.

A continuação do julgamento foi adiada para a quinta-feira.

Muitas autoridades indonésias acusam o grupo islâmico radical Jemaah Islamiah pelos atentados. No entanto, na acusação de Imam Samudra, a organização não é nem citada.

O suposto chefe da Jemaah Islamiah, Abu Bakar Ba’asyir, está preso, sendo julgado por causa de atentados a igrejas em 2000. Imam Samudra prestou depoimento em seu julgamento, mas negou qualquer envolvimento com a organização.