Ações da Parmalat caíram 55% na volta à Bolsa de Milão

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Publicado quinta-feira, 11 de dezembro de 2003 as 21:14, por: CdB

As ações da multinacional italiana de alimentos Parmalat caíram 55% na Bolsa de Milão após três dias fora do mercado.  A empresa enfrenta uma de suas mais graves crises financeiras.

Os balanços da empresa estão sob suspeita e o grupo não pagou a investidores bônus que venceram no início da semana. Resultado: a desconfiança e o calote levaram as agências de risco a jogarem para baixo a classificação da empresa, que, para acalmar os investidores, anunciou uma reestruturação.

Não está descartada a venda de ativos, incluindo o clube de futebol de propriedade do grupo, o Parma. Para se ter uma idéia do tamanho do problema, a agência Standard & Poors rebaixou em quatro níveis a classificação dos papéis da Parmalat, que foram reduzidos ao nível de ‘junk bonds’.

O conselho da empresa fez uma reunião de emergência, destituiu o diretor financeiro, Luciano de Soldato, e designou Enrico Bondi, ex-executivo chefe da Telecom Italia e da Montedison, como comandante da reestruturação.

De imediato, ele anunciou que a Parmalat honrará seus compromissos até o próximo dia 15, último dia de prazo para que a companhia evite ser declarada oficialmente em ‘default’.

A crise explodiu depois que a Parmalat anunciou perdas de 589 milhões de euros numa aplicação da família Tanzi, proprietária do grupo, num fundo nas ilhas Cayman. As aplicações da Parmalat em fundos ‘offshore’ estão sendo alvo de auditorias e levantaram dúvidas sobre a liquidez da empresa e a veracidade de seus últimos balanços.

Na seqüência, a multinacional não pagou bônus no valor de 150 milhões de euros que venceram na segunda-feira. A desconfiança cresceu e houve nos últimos dias uma fuga em massa de investidores dos ativos da companhia, que tem forte atuação em 30 países, inclusive o Brasil e os Estados Unidos.

Além do bônus que venceram na segunda-feira, a companhia possui 1 bilhão de euros em dívidas que devem ser honradas no próximo ano e outros 4,05 bilhões de euros com maturidade até 2008.