‘A ilha’ levanta polêmica sobre clonagem humana

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Publicado terça-feira, 19 de julho de 2005 as 14:00, por: CdB

Michael Bay, o diretor de <i>Armageddon</i>, gosta de filmes cheios de explosões, perseguições, corridas e engenhocas diversas. Mas seu trabalho mais recente, <i>A ilha</i>, trata da questão política da clonagem e da ética científica. Ewan McGregor e Scarlett Johansson representam dois clones que escapam de uma instituição secreta no futuro próximo.

– Quero que, na saída do cinema, as pessoas se perguntem: ‘Se eu pudesse, será que ia querer um clone?’. Todos nós queremos viver mais tempo, mas até onde iríamos para que isso fosse possível? Seríamos egoístas a ponto de matar outra pessoa para podermos viver mais? – disse o diretor.

O filme começa mostrando Lincoln Six-Echo (McGregor), que vive com centenas de outras pessoas em um lugar aparentemente utópico, onde todos vestem branco e têm seus movimentos monitorados e controlados.

Os moradores vivem na esperança de ganhar na loteria que vai lhes permitir ir até “a ilha”, supostamente o único lugar remanescente no planeta que não foi contaminado por um desastre ambiental.

Depois de ter sua curiosidade despertada por conversas com um técnico (Steve Buscemi), Lincoln descobre que, na realidade, ele foi criado para fornecer “peças avulsas” para humanos ricos e famosos que pagaram 5 milhões de dólares para ser clonados.

Ele e o personagem de Scarlett Johansson fogem e são perseguidos por um bando de mercenários, em sequências que oferecem ao diretor a chance de filmar cenas de ação e perseguição.

<b>HISTÓRIA DE TERROR ÉTICO</b>

As críticas iniciais do filme vêm sendo positivas, mas algumas pessoas podem não gostar do fato de <i>A ilha</i> trazer ecos de filmes como <i>Fuga do século 21</i> (<i>Logan’s run</i>) ou <i>Matrix</i>.

O jornal especializado <i>The Hollywood Reporter</i> disse que o filme é “uma história de terror ético”.

– O que é preocupante é que os criadores de <i>A ilha</i>, possivelmente sem querer, criaram um filme que vai fundamentar os argumentos da direita religiosa – disse o jornal.

Michael Bay afirma que vê <i>A ilha</i> como “filme de sessão pipoca”, feito para divertir o público norte-americano, e não com o intuito de contribuir para a discussão séria das pesquisas com genética ou células-tronco.

As células-tronco têm o potencial de proporcionar avanços na cura de doenças como o mal de Alzheimer. Mas, como as células-tronco embrionárias vêm de embriões humanos, que acabam destruídos, as pesquisas vêm suscitando questões éticas, e o presidente George W. Bush prometeu vetar o projeto de lei que visa ampliar sua utilização.

– Este filme apenas eleva a questão da clonagem à enésima potência, como convém à ficção científica – disse Bay.