A Copa é boa para o Brasil

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Publicado sexta-feira, 13 de junho de 2014 as 14:00, por: CdB
Mesmo com protestos, o clima é bem melhor que o da época das Copas da ditadura militar
Mesmo com protestos, o clima é bem melhor que o da época das Copas da ditadura militar

Winston Churchill dizia que a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras. É exatamente o que se passa no Brasil.

Há a Copa do Mundo e há uma imensidão de protestos. Alguns legítimos, como os pedidos de mais verbas para educação e para saúde, outros claramente oportunistas, em que algumas categorias profissionais tentam tomar a população e serviços públicos essenciais como refêns, se não forem atendidas em suas reivindicações.

Mas tudo é bem melhor do que voltarmos aos tempos da ditadura militar.

Há aliás um erro na expressão ditadura militar. Não era só militar.

Aqueles eram tempos excludentes, em que os militares e uma boa parcela de civis que com eles concordavam vendiam a mentira de que era preciso fazer o bolo (isto é, a riqueza) crescer, antes de dividi-lo.

Tal exclusão levou apenas a uma desigualdade econômica e social cada vez maior (além de ótimas sinecuras para os militares), até que um dia não foi mais possível continuar a governar apenas em benefício da parcela mais abonada da população – e a democracia foi restaurada.

Democraca que, como dizia Winston Churchill, etc. etc…..

A verdade é que a riqueza nacional só cresce quando toda a população é incluída, porque aí toda a população tem interesse em levar o processo adiante.

Ela tem “skin in the game”, aforisma criado pelo super capitalista Warren Buffett para dizer que uma pessoa (ou uma classe) também está investida no processo.

É aí que é necessário separar os protestos autênticos – isto é, de categorias com pedidos legítimos de melhoria de condições de trabalho ou de remuneração – das meras explorações para fins políticos.

Entre as últimas, cito uma que recebi há pouco na Internet, em que um cidadão, vestido com uma camiseta em termos vulgares, expressa-se em termos mais vulgares ainda para pedir ao povo que compareça aos estádios, vire-se de costas na hora da execução do Hino Nacional e exiba então outra camiseta os dizeres “Fora Dilma”.

Uma besteira, porque quem está protestando contra o custo da Copa não vai comprar ingresso só para participar de um ato de evidente finalidade eleitoral.

Será possível dizer que interesses econômicos sempre investiriam dinheiro em contratar gente para esta finalidade.

É sua forma de ter “skin in the game”.

Por isto é importante continuar com a democracia, para que a inclusão econômica e social prossiga no Brasil.

Para tanto, ao fim e ao cabo, pela razão mesma de que o Brasil vive uma democracia, é que a Copa – sejamos ou não campeões – é boa para o Brasil.

José Inácio Werneck, jornalista e escritor, trabalhou no Jornal do Brasil e na BBC, em Londres. Colaborou com jornais brasileiros e estrangeiros. Cobriu Jogos Olímpicos e Copas do Mundo no exterior. Foi locutor, comentarista, colunista e supervisor da ESPN Internacional e ESPN do Brasil. Colabora com a Gazeta Esportiva. Escreveu “Com Esperança no Coração” sobre emigrantes brasileiros nos EUA e “Sabor de Mar”. É intérprete judicial no Connecticut, EUA, onde vive.