Síria condena relatório que acusa país por morte de Hariri

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Publicado sexta-feira, 21 de outubro de 2005 as 12:19, por: CdB

A Síria condenou nesta sexta-feira relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) que apontou para o envolvimento de agências de inteligência no assassinato do ex-primeiro-ministro do Líbano Rafik Hariri.
Hariri foi morto em 14 de fevereiro deste ano num ataque com um carro-bomba no centro de Beirute, a capital do Líbano.

O ministro da Informação da Síria, Mehdi Dakhlallah, afirmou que o relatório é cem por cento tendencioso politicamente.

Dakhlallah disse em entrevista na emissora de televisão árabe Al-Jazeera, que o documento foi baseado em alegações de testemunhas conhecidas por sua hostilidade para com a Síria.

Segundo o relatório, compilado pelo magistrado alemão Detlev Mehlis, o assassinato foi planejado por vários meses e executado por um grupo com uma ampla rede.

A Síria também tem que esclarecer algumas questões, diz o relatório. Vários testemunhos de sírios tentaram desencaminhar a investigação dando informações falsas, e uma carta do ministro do Exterior continha informações errôneas.

O presidente pró-Síria do Líbano, Emile Lahoud, negou alegações no relatório de que recebeu uma ligação telefônica de um suspeito-chave minutos antes da explosão que matou Hariri.

Lahoud está sob crescente pressão para renunciar ao cargo depois da divulgação do relatório.

Segundo a correspondente da BBC na capital libanesa, Beirute, Kim Ghattas, as conclusões da investigação da ONU chocaram muitos libaneses que, diz ela, não conseguem entender suas implicações.

Algumas famílias deixaram de mandar as crianças para a escola, temendo que as tensões possam levar a violência nas ruas.

O assassinato de Hariri causou uma onda de indignação no Líbano, levando a uma mudança de governo e à retirada das tropas sírias do país.

Dois grupos pró-Síria – um deles palestino – negaram sugestões no relatório da ONU de que podem estar envolvidos no assassinato de Hariri.

O líder do Comando Geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, Ahmed Jibril, disse à BBC que a agência de inteligência israelense, Mossad, está por trás do crime.

O relatório cita uma testemunha não-identificada dizendo que a Frente Popular, que recentemente negou acusações de contrabandear armas para o Líbano, cooperou com generais libaneses pró-Síria no planejamento do assassinato.

Um porta-voz do grupo militante islamista libanês, Al Ahbash, também negou envolvimento no crime.

Abdul Qader al Fakahani disse que o fato de que um de seus integrantes, Ahmed Abdul Al, usou um telefone celular para falar con todos os sírios que são suspeitos-chaves, não é indicação de envolvimento.

A investigação revelou que seu irmão, Mahmoud Abdul Al, falou com o presidente libanês, Emile Lahoud, minutos antes da explosão da bomba que matou Hariri.