Referente ao período entre 1945 e 2019, a investigação foi conduzida pelo escritório de direito Westpfahl Spilker Wastl, a pedido da própria Igreja Católica, e diz que a maior parte das vítimas é do sexo masculino, sendo que 60% tinham entre oito e 14 anos de idade.
Por Redação, com ANSA – da Cidade do Vaticano
Um relatório apresentado nesta quinta-feira lista pelo menos 497 vítimas de abusos sexuais na Arquidiocese de Munique e Freising, na Alemanha, e aponta “comportamentos errôneos” do papa emérito Bento XVI em quatro casos.
Referente ao período entre 1945 e 2019, a investigação foi conduzida pelo escritório de direito Westpfahl Spilker Wastl, a pedido da própria Igreja Católica, e diz que a maior parte das vítimas é do sexo masculino, sendo que 60% tinham entre oito e 14 anos de idade.
O relatório ainda lista pelo menos 235 agressores, incluindo 173 padres, nove diáconos, cinco referentes pastorais e 48 funcionários escolares.
A apresentação não teve a presença do atual arcebispo de Munique, cardeal Reinhard Marx, que também foi presidente da Conferência Episcopal da Alemanha entre 2014 e 2020 e integra o conselho formado pelo papa Francisco para reformar a Cúria Romana.
Em junho passado, Marx chegou a entregar um pedido de demissão do cargo de arcebispo, mas Jorge Bergoglio recusou a renúncia dias depois.
– O cardeal Reinhard Marx não está presente nesta conferência. Ele foi convidado, mas decidiu não vir. Naturalmente, lamentamos essa escolha – disse Marion Westpahl, uma das autoras do relatório.
Bento XVI
Entre 1977 e 1982, a Arquidiocese de Munique foi chefiada por Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o papa Bento XVI e, de acordo com o relatório, não tomou atitudes contra quatro prelados acusados de abuso sexual.
Um deles foi o padre Peter Hullerman, transferido de Essen para Munique em 1980, após ter sido acusado de abusar de um garoto de 11 anos, e que manteve suas funções pastorais apesar da denúncia.
A desculpa para a transferência era de que o sacerdote, que admitira o crime, estava passando por tratamento psiquiátrico em Munique – a denúncia não foi reportada à polícia pelas autoridades católicas.
Em 1986, já com Ratzinger no Vaticano, Hullerman seria condenado por abusar de outras crianças, porém com pena suspensa, e acabou se tornando símbolo de como a Igreja alemã tratava casos do tipo. O relatório também diz que “não foi identificável” um eventual interesse do atual papa emérito pelas vítimas.