O PT morreu? Viva o PT!

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Publicado terça-feira, 27 de setembro de 2005 as 10:23, por: CdB

Só o petismo salvará o PT

O cadáver goza de boa saúde. Depois do anúncio fúnebre reiterado em manchetes, colunas, programas de auditório, editoriais e no horário nobre dos jornais televisivos, produzidos pela mídia mercantil, o PT mostra o vigor que a esquerda precisa para se reconstruir. 315 mil militantes do partido compareceram para votar no primeiro turno das eleições internas, na maior demonstração de força organizativa e política de um partido na história brasileira, em meio à mais furiosa campanha bushista da mídia, com caráter totalitário, contra o PT.

Atacam o PT, não pelos erros que cometeu. Se valem destes erros – graves, que pedem punições exemplares pelos danos que permitem que a direita cometa contra o partido e contra toda a esquerda -, para tentar destruir a esquerda e, em primeiro lugar o PT, como principal força da esquerda brasileira. Atacam o PT com o rancor dos privilegiados, que temem pelos seus privilégios. Atacam, com a alegre adesão de jornalistas, colunistas, midiólogos, que adoram concordar com seus patrões, nos jornais, revistas e televisões, contando com a conivência de partidos que se pretendem de esquerda, mas só usam suas energias para atacar o PT.

Atacam, elevando dissidentes do PT a novos queridinhos da mídia, cedendo-lhes o espaço que negam para o MST, para o ataque ao neoliberalismo e ao capitalismo, contra o imperialismo e suas guerras, os bancos e os especuladores. E essas pessoas se deixam manipular, comparecem graciosamente aos programas, se deixam entrevistar, pautados pela grande mídia, com a condição implícita – atacar o PT – e não tocar em nenhum outro tema. Somam-se aos que ainda são ou foram queridinhos da imprensa – Roberto Jéferson, Severino (agora caído em desgraça), Bornhausen, Tasso Jereissatti, FHC. Têm em comum com a direita o objetivo de destruição do PT. A direita tradicional, porque sabe que a esquerda ficaria debilitada por muito tempo, sem o PT. Os dissidentes, porque sabem que, enquanto o PT existir como partido de esquerda, o espaço que podem ter é muito pequeno – mesmo se incensados pela grande mídia.

Mas o cadáver goza de boa saúde. Tomara que partidos como o PSDB, o PFL, o PMDB, o PPS, o PDT, entre outros, pudessem dar demonstrações assim. Submeter à militância – teriam antes de tudo de dizer quantos são, como foram alistados, etc. etc. -, a eleição de todas as direções dos partidos, em todos os níveis. Nem precisaria ser diante de campanha tão furiosa quanto a feita contra o PT – do que, aliás, estão livres, porque ou são da maior confiança das classes dominantes brasileiras ou tem a cautela de não incomodá-la -, bastaria que demonstrassem que têm militantes, que se mobilizam, quantos são, quem são. Mas se escondem atrás de siglas, enquanto apóiam os ataques ao PT, numa frente ampla que recebe o beneplácito da grande mídia monopolista.

O PT vai para o segundo turno, com um candidato que representa a continuidade da antiga direção e um candidato da esquerda partidária. Esta, pela primeira vez, disputa realmente a possibilidade de se tornar hegemônica no partido. Sua candidatura necessita da demonstração unitária de todas as correntes que não apenas criticam os métodos da antiga direção, mas também lutam contra o neoliberalismo e seu eixo fundamental – a política econômica do governo.
Triste papel terão feito alguns que eventualmente abandonem o PT neste momento. Terão demonstrado que só se interessavam na vitória da candidatura que apoiavam. Terão demonstrando que instrumentalizam a democracia – da mesma forma que a esquerda do partido acusa a antiga direção: se ganham, ficam, se perdem, se vão. Terão demonstrado que não são solidários com a esquerda, porque não ficam para apoiar o candidato da esquerda no segundo turno. Terão demonstrado que não possuem espírito unitário – acusação que sempre foi feita à esquerda e que nestas eleições é superada positivamente pelo acordo de apoio mútuo entre os candida