Sem direito de resposta

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Publicado quarta-feira, 24 de agosto de 2005 as 11:02, por: CdB

Uma reflexão sobre a mídia chapa branca…azul e vermelha. Desrespeitando as mais elementares regras do jornalismo, a chamada grande imprensa brasileira colocou seus principais articulistas para falar contra o ato que realizamos, dia 16 de agosto, em Brasília.

Escrevo pelo compromisso com a verdade e o amor ao Brasil, em nome das dezenas de milhares de companheiros e companheiras que nos acompanharam a Brasília no 16 de agosto e dos milhões que comungam conosco, identificados com o projeto político que levou Lula à presidência e desbancou os neoliberais, privatistas e entreguistas.

Em repúdio ao golpismo, promovido e alimentado por setores da mídia, do PSDB e do PFL que tentam desestabilizar o governo; em defesa de uma Reforma Política democrática como instrumento contra a corrupção e por mudanças na política econômica, que reduzam a absurda taxa de juros e o superávit primário; trabalhadores, estudantes, mães com crianças no colo, aposentados e pensionistas, marcharam pela Esplanada dos Ministérios.

A manifestação da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), desde o primeiro momento da sua convocação, enfrentou o preconceito e a infecta campanha monocórdica dos meios de “comunicação”, que se apressaram em carimbar de “oficialistas” algumas das mais representativas e históricas entidades populares brasileiras.

Como se desconhecessem que CUT, CMP, UNE, Ubes, MST e Conam, ao lado de outras não menos importantes organizações, vêm conformando um amplo leque de alianças – e compromissos – há muito tempo. Fomos a Brasília precisamente para cobrar uma guinada nos rumos da economia e a “reconstrução de uma nova maioria política e social em torno de uma plataforma anti-neoliberal”, como expressamos na Carta ao Povo Brasileiro.

Desrespeitando as mais elementares regras do jornalismo, a chamada “grande” imprensa brasileira colocou os seus principais articulistas para opinarem sem qualquer escrúpulo contra a nossa manifestação, num vale-tudo editorial. Desde a invenção de supostas palavras de ordem, à invenção de formidáveis patrocínios, passando pela edição de fotos parciais que não refletiam a real dimensão da passeata, até o cúmulo de citar números desconexos da Polícia Militar – subordinada à Secretaria de Segurança Pública do governo que agiu nos bastidores em favor do ato do dia posterior contra Lula – de tudo foi utilizado na ânsia de confirmar sua tese de que o presidente está isolado e que já não conta com o apoio da sociedade brasileira.

Conforme citou a mídia, a PM informou de 10 a 16 mil, depois seis mil e, no final, apenas dois mil manifestantes em frente ao Congresso Nacional.

Infelizmente para esses senhores, que crêem sermos a plebe, a quem deva ser negado o acesso à Casa Grande, senhores que ainda não admitiram a idéia de ter um operário na Presidência da República, contamos com uma força infinitamente mais poderosa do que a soma dos seus holofotes, suas ondas de desinformação e seus rios de tinta de manipulação. Contamos com a verdade.

Por estarmos de lados distintos, por sermos partidários da democratização dos meios de comunicação, do fortalecimento das redes públicas e comunitárias, e condenarmos o uso privado da informação, prostituída como mercadoria, é que os grandes monopólios da desinformação vêm nos atacando. Some-se a isso, é claro, nossa aversão à submissão, nossa defesa da classe trabalhadora, da soberania e da independência, da integração latino-americana. Mais do que palavras, manifestações de apoio ao governo em medidas concretas, contrárias aos desígnios dos senhores do Norte, via de regra patrocinadores materiais ou mentores intelectuais de determinadas publicações.

Sem essa consciência, sem a compreensão real do inimigo, muitos companheiros poderiam perguntar o porquê de tamanha parcialidade dessa gente, de tamanha aversão aos fatos e do apego aos boatos, práticas que vêm contaminando muitas redações e levando-as ao descrédito. É