PMDB quer assumir Minas e Energia

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado segunda-feira, 20 de junho de 2005 as 05:46, por: CdB

Dirigentes do PMDB aguardam o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Brasília para redefinir a aliança com o governo, a participação do partido no ministério e o apoio no Congresso. A transferência para a Casa Civil da ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, abrirá “uma boa oportunidade de entendimento”, segundo um dirigente do partido.

Lula deixou essa possibilidade em aberto desde quinta-feira, quando o chefe da Casa Civil, José Dirceu, anunciou que deixaria o cargo. O PMDB, segundo essa fonte, espera participar da indicação do substituto de Dilma, que no domingo seguiu com Lula para Assunção, no Paraguai, onde participam do encontro de países do Mercosul.

Um dos acompanhantes de Lula e Dilma no avião presidencial contou, ao chegar a Assunção, que a transferência da ministra para a Casa Civil estava praticamente acertada, mas não seria anunciada antes do retorno do presidente, previsto para esta segunda.

Dilma embarcou para Assunção disposta a aceitar o convite de Lula, que seria formalizado durante a viagem, segundo um amigo e colega de governo.

Dilma Roussef chegou para a cerimônia inaugural do encontro, no Palácio Marechal López, acompanhada do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Jornalistas perguntaram se ela iria mesmo para a Casa Civil. Dilma não respondeu, mas Furlan fez uma ironia: “Por enquanto, ela vai para a casa de López.”

Lula, segundo auxiliares, pode aguardar o resultado das conversas com o PMDB para autorizar o anúncio oficial da transferência. Nesse caso, o anúncio ficará para terça-feira, acompanhado ou não de outras mudanças no ministério.

O PMDB ainda não tem um candidato para a vaga de Minas e Energia, caso Lula a ofereça ao partido.

– Não estamos ansiosos, estamos dispostos a cooperar na governabilidade, como sempre estivemos – disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Não faremos nenhum movimento em qualquer sentido sem uma sinalização do presidente.”

Lula informou a mais de um ministro que tem a intenção de fazer um acordo estável com o PMDB, o que seria facilitado com a vaga no Ministério de Minas e Energia.

A pasta pode ser diretamente oferecida ao partido ou ser usada para um remanejamento que abra outro ministério para ampliar a participação do PMDB no governo.

Na formação do primeiro ministério, logo após a eleição, em 2002, a vaga de Minas e Energia foi oferecida ao PMDB, em negociação que Lula acabaria vetando. A área é considerada estratégica pelo presidente, que sempre resistiu a entregá-la a um político.

Parlamentares do PMDB lembram que o partido tem pelo menos um quadro que poderia preencher critérios técnicos e políticos: o presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau, indicado pelo ex-presidente José Sarney.