China quer Japão repensando vaga na ONU

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Publicado terça-feira, 12 de abril de 2005 as 09:42, por: CdB

O primeiro-ministro da China disse nesta terça-feira para o Japão “encarar a história” e admitir o sofrimento que causou na Segunda Guerra Mundial, o que levaria o país a reconsiderar seriamente sua candidatura a um vaga permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Milhares de chineses participaram de protestos no final de semana pelo que muitos na Ásia consideram o fracasso do Japão em aceitar as atrocidades cometidas durante e depois da Segunda Guerra Mundial.

Manifestantes na China e em outras partes do continente criticam a tentativa do Japão de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança. O premier chinês, Wen Jiabao, disse que os protestos deveriam provocar uma séria reflexão no Japão sobre sua candidatura ao conselho.

– As fortes respostas do povo asiático deveriam fazer o governo japonês refletir profundamente – disse Wen a repórteres durante uma visita a Nova Délhi.

– Somente um país que respeita a história, assume responsabilidade pela história passada e conquista a confiança do povo da Ásia e do mundo poderá assumir responsabilidades maiores na comunidade internacional – afirmou.

O sentimento antijaponês vem crescendo na China desde que o Japão aprovou um livro que, segundo críticos, mascara as brutalidades da ocupação japonesa na China entre 1931 e 1945.

Wen disse que o Japão deveria admitir o “enorme sofrimento” que provocou no povo da China.

– O principal ponto nas relações entre China e Japão é que o Japão precisa encarar a história com sinceridade – disse Wen. Mas ele acrescentou que os vizinhos devem continuar a “aprofundar os laços de amizade”.

Durante o fim de semana, manifestantes queimaram a bandeira japonesa, destruíram carros fabricados no Japão, atacaram escritórios japoneses e quebraram as janelas da embaixada do Japão em Pequim.

A TV japonesa mostrou a polícia observando enquanto os manifestantes atiravam pedras contra a representação.

Líderes japoneses exigiram um pedido de desculpas e indenização pelos danos. O ministro do Comércio do Japão, Shoichi Nakagawa, declarou que se preocupa com o impacto do sentimento antijaponês da China em empresas do seu país.

– É um país assustador – disse durante uma entrevista.

A China ultrapassou os Estados Unidos em 2004 e tornou-se o maior parceiro comercial do Japão, com cerca de 178 bilhões de dólares em negócios. No mesmo ano, corporações japonesas colocaram 9,2 bilhões de dólares na China.