De ônibus pelo país, Lenny Kravitz apresenta 15 anos de carreira

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Publicado segunda-feira, 14 de março de 2005 as 19:04, por: CdB

Há muitos anos a vinda de uma estrela da música internacional não causa tanta comoção no Brasil como a primeira visita de Lenny Kravitz ao país. São quatro grandes shows, a partir de terça-feira, três deles em estádios e o último gratuito na praia de Copacabana no Rio de Janeiro.

Tanta badalação tem seus motivos. Kravitz é um artista talentoso, produz álbuns essenciais indo do rock ao soul e do funk ao blues sem receio, tudo recheado com muita psicodelia.

Mas Kravitz não é só música, ele também é fashion. Figura carimbada nas revistas de moda e fofocas, estampou várias capas pelo seu romance com a atriz Nicole Kidman e ganhou ainda mais popularidade no Brasil por seu namoro com a modelo baiana Adriana Lima.

Os 15 anos de carreira e mais de 24 milhões de discos vendidos pelo mundo levaram o norte-americano ao estrelato, onde mostrou suas várias facetas musicais resgatando o passado e introduzindo-o no presente de forma original, que se não chega a ser revolucionário, pelo menos deu um chute na mesmice de sua época com álbuns ecléticos e aclamados.

Kravitz cresceu ao som de Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Miles Davis, James Brown e do rock clássico de Led Zeppelin e seu grande herói: Jimi Hendrix.

Tanta diversidade musical fez Kravitz ser comparado a Prince e ter sua importância documentada na história por colocar a música negra de volta ao rock em tempos onde o que importava era ser bonito e produzir uma mera música pop de três minutos com refrão fácil e pegajoso.

Depois de sua estréia com o elogiado “Let Love Rule”, de 1989, era claro que algo estava para acontecer com o rock do final dos anos 1980. Na época, apenas a banda negra Living Colour conseguia repercussão num mundo dominado pelos brancos, e Kravitz colocou nas lojas um álbum surpreendente como há muito tempo não se via.

O sucesso da faixa-título fez alguns críticos torcerem o nariz, mas era impossível não perceber a mudança de direcionamento que ele sugeriu, reativando a sonoridade negra no rock orgânico, sendo um dos responsáveis pelo revival dos anos 1970 que tomou conta de toda a década de 1990.

Requisitado pelos maiores artistas da música, Kravitz escreveu “Justify My Love” para Madonna, emplacando o topo das paradas nos Estados Unidos, trabalhou com Mick Jagger em “Goddess in the Doorway”, de 2001, Aerosmith e Slash, além de vários outros.

O estrondoso sucesso de “Are You Gonna Go My Way”, de 1993, finalmente fez os críticos se renderem, mas com o lançamento seguinte, “Circus”, de 1995, Kravitz deixou transparecer um clima obscuro proporcionado pela morte por câncer de sua mãe, e teve vendas modestas.

Com “5”, de 1998, uma nova geração o descobriu, que além do rock cru trouxe o flerte com a música eletrônica, e o hit “Fly Away” foi responsável por um de seus maiores sucessos até hoje.

A vinda do artista ao Brasil também tem um lado estratégico para conseguir novos mercados. Seu mais recente CD, “Baptism”, lançado em maio de 2004, não tem ido como se esperava nas paradas em relação aos seus álbuns anteriores.

Nos Estados Unidos, o disco mal chegou às 500 mil cópias vendidas — relativas ao disco de ouro –, um número baixo para um músico desse nível.

Entre as exigências de Kravitz, a que mais chama atenção é que todo o deslocamento entre os shows brasileiros deve ser feito através de seis ônibus, já que ele não gosta de viajar de avião.

Segundo a produção do evento, o ônibus em que ele viajará foi transformado num flat, incluindo quarto com janelas escuras e uma cama de casal, sala de estar, copa e banheiro. A decoração é a mais despojada possível e tudo teve que ser pintado de branco — exigência feita também para os camarins.

Nos shows, Kravitz também pediu 450 quilos de gelo em cubos para cada apresentação e que todo o material não usado por ele ou sua equipe, especialmente com relação a alimentos, fosse doado para instituições de caridade.

Por enquanto, não há nenhuma confirmação de que Kravitz fará turismo pel