Homem-forte de Doria deve R$ 61,7 milhões

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado quinta-feira, 13 de outubro de 2016 as 09:58, por: CdB

O novo prefeito de São Paulo, que o marketing travestiu de “João trabalhador” e os críticos chamam de “João Dólar”, adora posar de empresário eficiente e ético. Pura bravata para enganar os ingênuos

 

Por Altamiro Borges – de São Paulo:

Não só a sua história nega estes adjetivos. Com várias denúncias de ações lobistas para defender seus negócios privados. Como ele está rodeado de sinistras figuras, mais sujas do que pau de galinheiro

João Dória
João Dória

Na semana passada, a Folha revelou que o “homem-forte” de João Dória teve seus bens bloqueados e acumula dívidas de R$ 61,7 milhões. Ainda de acordo com a reportagem, este sujeito, um tal de Juan Quirós, deverá ocupar um cargo estratégico na prefeitura a partir de janeiro do próximo ano.

Segundo a matéria do jornal serrista, assinada pela jornalista Daniela Lima. “Homem forte do comitê financeiro da campanha do prefeito eleito, João Doria (PSDB), ele é cotado para comandar a estrutura que vai organizar as concessões e privatizações na gestão do tucano o empresário. Juan Quirós teve todos os bens bloqueados pela Justiça paulista em 2014 e responde a ações por sua atuação na esfera privada.

Ao todo, seis propriedades da família foram bloqueadas. Em um processo no qual Quirós é acusado de usar uma rede de offshores para ocultar ser dono de uma firma que faliu”.

Falência, ações trabalhistas e falcatruas

A reportagem dá detalhes sobre a atuação do “homem-forte” de João Dólar. “Juan Quirós, que hoje é presidente da Investe SP (agência do governo do Estado responsável por fomentar o investimento em São Paulo). Ele é réu em ações trabalhistas e movidas por empresas envolvendo a sua atuação à frente da empreiteira Serpal. Ela integrava um grupo de sua propriedade, o Advento.

A empreiteira quebrou em 2014, mas tinha a saúde econômica questionada desde 2012. Segundo a firma que administra a massa falida, ela acumula uma dívida de R$ 61,7 milhões”.

Juan Quirós teve os seus bens bloqueados após ação movida pela multinacional alemã Continental. A empresa contratou a Serpal para construir a sua segunda fábrica no Brasil. Ela alega que pagou 135% do valor inicial do contrato, R$ 165 milhões, e a empreiteira entregou só 60% da obra.

A falcatrua foi analisada pela juíza Maria Rita Rebello Pinho Dias, que deu ganho de causa para a multinacional em duro despacho contra o “homem-forte” de João Dólar.

Documentos

Documentos anexados ao processo indicaram que Juan Quirós recorreu a uma intrincada rede de offshores para ocultar a propriedade da Serpal. A juíza entendeu que há “indícios fortes” de que ele usou “uma empresa offshore de fachada” no golpe.

A juíza concluiu ainda que o “ético” empresário repassou bens a familiares, simulando transações de compra e venda. “Os documentos consistem em fortes indícios de que Juan Quirós esteja utilizando-se de sua filha para blindar seu patrimônio, dificultando a identificação de seu real proprietário”.

A Folha até procurou o chefe do comitê financeiro do tucano para ouvir suas explicações. Em uma nota lacônica, ele jurou que “nunca ocultei ou transferi patrimônio. As movimentações foram registradas e os impostos recolhidos”. Mas o jornal lembra que ele já recorreu diversas vezes contra a decisão, mas nunca teve sucesso. “Ele continua tentando reverter o veredito e diz que o processo é ‘absurdo'”.

“Fogo amigo” no ninho tucano?

A nota ainda insinua que pode haver “fogo amigo” contra o aspone de João Dólar. Não custa lembrar que as bicadas no ninho tucano seguem sangrentas. A candidatura do empresário-picareta foi imposta por Geraldo Alckmin e faz parte da sua estratégia para ser o presidenciável do PSDB em 2018.

Ela desagradou vários caciques da legenda, principalmente o eterno candidato José Serra e o cambaleante Aécio Neves. Dirigentes tucanos entraram na Justiça contra o apadrinhado do governador, alegando abuso de poder político e econômico. A Folha serrista conhece bem esta antiga rinha tucana.

Na nota, Juan Quirós faz insinuações, mas não dá nome aos bois, ou seria aos tucanos. “Nas minhas atividades públicas, como presidente da Apex-Brasil, conselheiro do BNDESPAR e presidente do Lide Campinas (licenciado) nunca tive qualquer ato desabonador ou questionamento à minha lisura…

Os autores destas denúncias, sobre temas não julgados em definitivo, agem justamente após minha participação na vitoriosa campanha de João Doria à prefeitura. Tentam misturar assuntos privados com públicos. Certamente não assimilaram a derrota democrática nas urnas”.

Altamiro Borges, é jornalista.