Fronteira é alvo de ataque entre Coreia do Sul e do Norte

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Publicado quinta-feira, 20 de agosto de 2015 as 10:40, por: CdB

Por Redação, com Sptnik Brasil – de Seul:

Coreia do Norte disparou fogo de artilharia contra a base militar da Coreia do Sul que fica na zona desmilitarizada, noticiou a mídia sul-coreana nesta quinta-feira.

Depois de um ataque da Coreia do Norte usando mísseis nesta manhã, a Coreia do Sul disparou dezenas de sérias de projetis de artilharia. No momento, as Forças Armadas comandadas por Seul estão em estado de máxima prontidão, informa a agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

Fontes locais informam que o Sul respondeu com vinte disparos contra um que veio do Norte.

Segundo a emissora sul-coreana KBS, que cita um oficial militar local, o fogo de artilharia foi aberto contra o altifalante militar que nos últimos dias divulgava programas contra Pyongyang e foi localizado na parte ocidental da fronteira entre os países.

– O nosso lado realizou o contra-ataque de dezenas de projetis de 155 mm – declarou à agência noticiosa AFP o porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano.

Segundo a Yonhap, a Coreia do Norte ainda não respondeu ao contra-ataque.

Fontes locais informam que o Sul respondeu com vinte disparos contra um que veio do Norte
Fontes locais informam que o Sul respondeu com vinte disparos contra um que veio do Norte

A Coreia do Sul realizará uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para avaliar a situação. Não foram divulgadas informações sobre vítimas ou danos causados pelo ataque norte-coreano, mas a Coreia do Sul ordenou começar a evacuação de cidadãos da área fronteiriça.

No entanto, a região industrial de Kaesong, situada no território norte-coreano, perto da fronteira com a Coreia do Sul, não deixou de funcionar, informa um correspondente da Sputnik.

Os acontecimentos acontecem uns dias após Seul anunciou o reinicio da operação de propaganda na fronteira pela primeira vez em 11 anos em resposta às explosões que matou dois soldados do patrulhamento fronteiriço, noticiou a publicação South China Morning Post.

De acordo com as últimas informações, a Coreia do Sul não pretende desligar os altifalantes que emitem mensagens de propaganda contra a Coreia do Norte, apesar das ameaças recebidas de Pyongyang, divulgou a agência Yonhap citando fontes no Ministério da Defesa sul-coreano:

– A emissão de altifalantes para o Norte será continuada.

Embora a informação sobre vítimas ou danos causados pela troca de tiros entre as Coreias ainda não fosse divulgada, a Coreia do Norte já apresentou um ultimato à Coreia do Sul, exigindo a desmontagem dos altifalantes dentro de dois dias. Caso o lado de Sul negue as exigências, Pyongyang promete começar ações militares.

– O Norte promete começar ações militares, caso Seul não cesse suas emissões psicológicas contra Pyongyang nos próximos dois dias – diz-se na declaração do Ministério da Defesa do Sul.

As exigências não foram comentadas e ainda fica pouco claro se a Coreia do Sul as cumprirá.

Aliás, desde 17 de agosto, são realizados na região os exercícios militares conjuntos dos EUA e Coreia do Sul. Pyongyang exigiu que os países parem as manobras, ameaçando no caso da recusa usar armas que o mundo ainda não viu, “de uma potência devastadora”.

Reação russa

A embaixada russa em Pyongyang acompanha a situação, mas ainda não possui da informação, declarou à agência russa Interfax o porta-voz Denis Samsonov:

– A mídia da Coreia do Norte ainda não divulgou qualquer informação sobre ataque de artilharia, os funcionários da embaixada acompanham todas as mensagens e agem de acordo com a situação.

Ele sublinhou que a reação bastante lenta da mídia norte-coreana é normal, e que a embaixada russa ainda não planeja conceder comentários amplos do assunto.

Os seus colegas de Seul, por sua vez, declararam à Interfax, que assistam à escalação da tensão na área da fronteira entre Coreias.

– Acompanhamos à situação, mas por enquanto só temos a informação de que aconteceu o tiroteio – disse o porta-voz da embaixada russa em Seul, Ruslan Yunusov.

Ele notou também que o lado russo não possui dados sobre vítimas ou danos causados pelo ataque, inclusive sobre cidadãos russos.

História do conflito

As tenções político-militares atuais na península Coreana entre duas Coreias com diferentes regimes de poder começaram ainda no início dos anos 1950, e até já resultaram em uma guerra que começou em 25 de junho de 1950. Nos confrontos armados ao lado da Coreia do Sul combateram tropas das Forças Armadas dos EUA e outros 15 países que agiram sob a bandeira das forças multinacionais da ONU, e a Coreia do Sul foi apoiada pelas Forças Armadas da China e da União Soviética.

Em 1953 a guerra entrou em uma fase estática, e em 27 de julho de 1953 foi assinado o Acordo de cessar-fogo, que dividiu a Coreia do Sul e a Coreia do Norte pela linha de demarcação militar, com zonas desmilitarizadas de largura total de quatro quilómetros aos lados desta linha.

Formalmente a península Coreana continua em estado de guerra, porque um acordo de paz nunca foi assinado. Os encontros de alto nível dos líderes dos dois Coreias que foram realizados nos anos 2000 e 2007 em Pyongyang não trouxeram resultado.

A Coreia do Norte tinha sido o alvo de sanções das Nações Unidas devido a testes nucleares subterrâneos em 2006, 2009 e 2013. Além disso, os EUA e a China introduziram e depois várias vezes ampliaram sanções contra o país, que incluem a proibição de todos os testes de mísseis balísticos e nucleares e incidem sobre a importação e exportação de materiais e equipamentos relacionados.

No início de 2015 a chefe sul-coreana, Park Geun-hye, declarou que Seul está pronta para negociações com Pyongyang, mas a parte norte-coreana exigiu o levantamento das sanções. No entanto, a presidente sul-coreana afirmou que não aceitaria as condições propostas pela Coreia do Norte e instou o regime de Kim Jong-un a tomar medidas concretas para a desnuclearização.