Por muito pouco, e auxiliada pelos gastos públicos, a economia brasileira saiu da recessão técnica no terceiro trimestre deste ano, movimento que mostra a dificuldade de recuperação mais consistente da atividade num momento em que o governo já indicou mais austeridade fiscal.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2014, na comparação com os três meses anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, abaixo do esperado.
Mesmo assim, saiu da recessão técnica –dois trimestres seguidos de contração– que havia entrado no semestre passado pela primeira vez desde a crise internacional de 2008/09. Em relação ao terceiro trimestre de 2013, o PIB do país registrou queda de 0,2% entre julho e setembro passados.
A mediana de previsões de analistas consultados pela agência inglesa de notícias Reuters apontava para crescimento trimestral de 0,3% e contração de 0,1% na comparação anual.
Segundo o IBGE, o consumo do governo cresceu 1,3% no trimestre passado sobre o período imediatamente anterior, avançando 1,9% sobre um ano antes. Esse desempenho, no entanto, parece estar com os dias contados, diante da formação da nova equipe econômica da presidenta Dilma Rousseff, com perfil mais ortodoxo e discurso de mais rigor fiscal, com corte de despesas.
O Brasil tem convivido com inflação elevada e baixo ritmo de crescimento, o que afetou em cheio a confiança dos agentes econômicos. Na véspera, foi confirmado que Joaquim Levy assumirá o Ministério da Fazenda, enquanto Nelson Barbosa vai para o comando do Planejamento. Alexandre Tombini, que iniciou mais um ciclo de aperto monetário recentemente, continua à frente do Banco Central.
Investimentos
No trimestre passado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) –medida de investimento– cresceu 1,3%o, mas ainda continua fortemente no vermelho na comparação anual, com queda de 8,5%.
A indústria, por sua vez, teve expansão de 1,7% entre julho e setembro, sobre o segundo trimestre, e contração de 1,5% sobre um ano antes.
Para o quarto trimestre, já aparecem alguns sinais de um pouco mais de recuperação da indústria. A confiança do setor, medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV), cresceu em outubro e em novembro, primeiros resultados positivos neste ano.
Por outro lado, a confiança do consumidor não mostrou ímpeto neste período, recuando 1,5% no mês passado ao menor nível desde 2009.
Segundo o IBGE, o consumo das famílias recuou no trimestre passado 0,3%. Na comparação anual houve expansão de apenas 0,1%.
A expectativa do mercado em pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente economistas de instituições financeiras, é de que o PIB crescerá neste ano apenas 0,20%. Se confirmado, será o pior desempenho desde a contração de 0,33% vista em 2009.