Milhares de pessoas serão “provavelmente massacrados” em cidade Síria, alerta ONU

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Publicado sexta-feira, 10 de outubro de 2014 as 11:29, por: CdB
De Mistura pediu que a Turquia ajude a prevenir a matança na cidade fronteiriça Síria, dizendo temer a repetição do massacre de Srebrenica, em 1995, quando milhares de pessoas morreram
De Mistura pediu que a Turquia ajude a prevenir a matança na cidade fronteiriça Síria, dizendo temer a repetição do massacre de Srebrenica, em 1995, quando milhares de pessoas morreram

Milhares de pessoas vão “bem provavelmente” ser massacradas se a localidade curda síria de Kobani cair em mãos dos combatentes do Estado Islâmico, disse nesta sexta-feira o enviado das Nações Unidas Staffan De Mistura, enquanto os militantes avançavam no interior da cidade, sem que os tanques turcos, do outro lado da fronteira, interviessem para impedi-los.

De Mistura pediu que a Turquia ajude a prevenir a matança na cidade fronteiriça Síria, dizendo temer a repetição do massacre de Srebrenica, em 1995, quando milhares de pessoas morreram.

Ele apelou para que Ancara deixasse “voluntários” cruzarem a fronteira para reforçarem as milícias curdas que defendem a cidade, localizada dentro do campo de visão a partir da fronteira com a Turquia.

Ele relembrou fatos ocorridos durante o desmembramento da antiga Iugoslávia, quando forças bósnio-sérvias macharam para a cidade de Srebrenica, que supostamente estava sob proteção da ONU, e mataram mais de 8.000 muçulmanos.

– Você se lembra de Srebrenica? Nós, sim. Nunca nos esquecemos e provavelmente nunca nos perdoaremos – disse Mistura em uma coletiva de imprensa.

A Turquia estacionou tanques nas colinas de frente a Kobani, mas até agora se recusou a intervir sem um acordo abrangente com os Estados Unidos e outros aliados sobre a guerra civil na Síria. Também tem impedido que curdos-turcos cruzem a fronteira para reforçar as forças de outros curdos defendendo a cidade Síria.

– Gostaríamos de apelar para as autoridades turcas… para que permitam o fluxo de voluntários e de equipamentos, pelo menos, a fim de serem capazes de entrar na cidade e contribuir para uma ação de autodefesa – disse De Mistura em Genebra.

Prevendo que Kobani cairá “se for deixada sem ajuda”, ele disse que a autodefesa com equipamento suficiente era um direito humano internacional.

Embora grande parte da população já tenha fugido da ofensiva do Estado Islâmico, cerca de 500 a 700 pessoas, a maioria idosos, ainda estão abrigados em Kobani.

Questionado se ele queria que a Turquia permitisse o fornecimento de armas, De Mistura respondeu: “Eu disse o que eu disse: equipamento pode ser muitas coisas.”

Além das pessoas sitiadas em Kobani, cerca de 10 mil a 13 mil outras estavam em uma área de fronteira entre a Síria e Turquia, e havia apenas mais um ponto de saída da cidade.

– Se isso fracassar, os 700, mais talvez outras 12 mil pessoas, isso sem contar os combatentes, serão provavelmente massacrados – disse ele. “Quando há uma ameaça iminente a civis, nós não podemos, nem devemos, ficar em silêncio.”

Caso a cidade caia, 400 dos 900 quilômetros de fronteira entre Síria e Turquia estariam nas mãos do Estado Islâmico.