Coluna do Sérgio Nogueira Lopes

Sem parlamento
 
 
A mudança de tempo dos últimos dias fez baixar intenso nevoeiro na Assembléia Legislativa do Rio, ALERJ. Os deputados circulam com o maior cuidado para evitar maiores colisões. O clima está pesado e até o Projeto do Parlamento Juvenil que fazia o maior sucesso foi suspenso. Melhor assim. No momento o Legislativo não tem boas lições a oferecer aos jovens parlamentares.
 
 
 
 
Motivos
Sobre a saída de Cássio Casseb da presidência do banco do Brasil, a imprensa não deu destaque aos fatos principais do caso. A saber:    1) Casseb dirigia o BB, mas continuava prestando serviços ao Credicard  (grupo Citibank) e até participou de uma reunião da cúpula mundial da  empresa,  realizada em Portugal. Alegou estar a  serviço do BB, mas a  desculpa não colou.   2) Com dispensa de licitação, Casseb empregou os consultores Boanerges  Ramos Freire, James Rubio e Joaquim Xavier da Silveira por salários de  até R$ 820 mil por ano, cada um. A remuneração mínima foi fixada em R$  540 mil. Os três foram executivos da Credicard, empresa que Casseb  presidiu.    3) Casseb é um dos homens de ouro do presidente do Banco Central,  Henrique Meirelles, e trabalhou com ele no BankBoston.    4) Assim como Meirelles,
 Casseb tem problemas com a Receita Federal.  Esqueceu de declarar algumas contas e movimentações financeiras no  exterior, segundo planilhas enviadas pela Procuradoria de Nova York à  Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado.    Resumindo: com esse currículo, poderia continuar presidindo o Banco do  Brasil?
 
Briga I
O Senado está comprando uma briga feia com o Tribunal Superior  Eleitoral (TSE). Um projeto de lei com apenas dois artigos propõe anistia  para o senador João Capiberibe (PSB-AP) e sua mulher, a deputada Janete  Capiberibe (PSB-AP), cassados em abril por fraude no pleito de 2002. Se  for aprovado, o projeto anularia a decisão do TSE, num fato inédito no  Congresso em termos de cassação de parlamentares. A saída honrosa é o  Supremo anular a decisão do TSE.
 
Briga II
O projeto que anistia o casal Capiberibe vai ser aprovado praticamente  por unanimidade. O único senador que se declara contrário à proposta é Jéferson Peres (AM), líder do PDT. Todos os demais acham que houve um  erro judiciário no julgamento do casal.
 
Sandálias
João Capiberibe será substituído no Senado por Gilvan Borges, que já  exerceu um mandato de senador e foi o autor da ação contra o casal. Borges é uma figura folclórica no Congresso, onde comparece de terno e  sandálias franciscanas, para chamar a atenção. Deveria tomar posse esta semana,  mas a Mesa do Senado está enrolando, para ganhar tempo e salvar  Capiberibe.