Israel ergue mais casas na Cisjordânia

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Publicado segunda-feira, 23 de agosto de 2004 as 08:57, por: CdB

O governo israelense planeja construir 530 novas casas de colonos na Cisjordânia, depois que Washington sinalizou que poderia aceitar o crescimento dos encraves judaicos nos territórios ocupados da área. Fontes políticas disseram nesta segunda-feira que as construções serão em sua maior parte perto de Jerusalém e devem terminar no fim do ano. Mas autoridades do governo afirmaram que as obras em Har Gilo, Har Adar, Adam e Immanuel ainda não receberam aprovação final do governo.

Os palestinos, apoiados pela Liga Árabe, acusaram os EUA neste domingo de destruir o processo de paz do Oriente Médio ao aceitar o crescimento de assentamentos..

– Se Israel não parar com essa política expansionista, não teremos espaço suficiente para estabelecer nosso próprio Estado – disse o ministro palestino Saeb Erekat à Reuters.

Não se sabe ainda se, com o novo projeto, Har Gilo será estendido a terras não construídas. Os EUA, principal mediador no Oriente Médio, deram sinais no sábado de que aceitariam novas construções dentro das fronteiras dos assentamentos já existentes. Anteriormente, o país defendia uma paralisação das construções.

O governo Bush disse que entenderia um crescimento limitado dos assentamentos na Cisjordânia com o objetivo de ajudar o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, com seu plano de desocupar Gaza, que enfrenta forte oposição de seu partido.

Washington havia pedido que Israel suspendesse as construções nos assentamentos em seu plano de paz, o qual prevê o estabelecimento de um Estado palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Mas, o plano foi paralisado pela violência. Israel culpa os líderes palestinos por não conseguirem conter os militantes que promovem uma revolta de quase quatro anos.

Os palestinos temem que o plano de desocupação de Sharon seja uma maneira de encobrir uma ampliação dos assentamentos na Cisjordânia. Eles acusaram os EUA de rasgar seu próprio plano de paz.

– Eu não acredito que a América agora diga que os assentamentos possam ser ampliados. Isso ameaça e destrói o processo de paz – disse a jornalistas neste domingo o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie. Sua crítica foi repetida pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa.

Uma fonte israelense comentou que os EUA estavam claramente tentando ajudar Sharon com seu plano unilateral de desocupação.  O plano provocou uma rebelião dentro do partido de Sharon, o direitista Likud, que o barrou na semana passada de criar uma aliança com o partido Trabalhista, de centro-esquerda e de oposição. Essa coalizão era necessária para conseguir uma maioria parlamentar para passar o plano.