Relatório sobre a Guerrilha do Araguaia será anunciado em abril

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Publicado sábado, 13 de março de 2004 as 13:24, por: CdB

A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos apresentará no dia 4 de abril próximo os resultados finais das investigações sobre os desaparecidos políticos da guerrilha do Araguaia. O ministro da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, disse que conta mais com depoimentos e testemunhos do que com documentos para chegar aos desaparecidos

. Citou a cooperação de pessoas que participaram do desaparecimento ou da morte ou do sepultamento ou ocultamento dos cadáveres à época. “Trabalhamos com essa expectativa de que essas pessoas colaborem. Trabalho mais para achar pessoas que documentos”, declarou o ministro.

A primeira fase das investigações para encontrar os desaparecidos foi realizada por uma equipe de geólogos e antropólogos que pesquisou, em Xambioá, no Tocantins, uma área onde nos anos 70 funcionou uma base do Exército e da Aeronáutica, para reprimir a guerrilha do Araguaia. A comissão avaliará, nas próximas semanas, o relatório das ações de busca de ossadas realizadas na área.

O ministro reiterou que já foram solicitados aos comandantes militares documentos sobre o assunto, mas a resposta é de que não há documentação nesse sentido. “Sempre disseram isso”, lembrou o ministro, acrescentando que desconhecia a informação de que esses documentos foram incinerados.

No último dia 9, o ministro da Defesa, José Viegas, anunciou que as Forças Armadas brasileiras não possuem hoje nenhum documento arquivado com informações sobre a Guerrilha do Araguaia. Eles teriam sido incinerados, no passado, segundo a legislação brasileira, e de acordo com normas das próprias Forças Armadas. José Viegas disse que encontrar as ossadas de desaparecidos da guerrilha é uma tarefa difícil para o governo. E deixou claro que no final dos trabalhos da comissão especial podem não surgir resultados positivos que esclareçam o desaparecimento dos guerrilheiros.

Nilmário Miranda informou que já foram indenizadas pelo Estado mais de 300 famílias em reconhecimento às vítimas de violação dos direitos humanos por causa da guerrilha. O ministro explicou que a mesma lei que determina ao Estado fazer as indenizações, garante ao governo dar suporte à busca de corpos das vítimas. Mesmo não tendo chegado ainda às ossadas, as investigações continuarão.

O ministro explicou que a natureza do solo e da mata dificultou bastante as buscas. “Será um resgate histórico”, destacou Miranda.