Arquidiocese presenteia Rio e reabre acervo restaurado

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Publicado terça-feira, 2 de março de 2004 as 11:37, por: CdB

No dia em que completou 439 anos, o Rio de Janeiro ganhou um presente que garantirá a preservação da memória da cidade e do país. O arcebispo e cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid reinaugurou o arquivo da Arquidiocese do Rio, no subsolo da Catedral Metropolitana de São Sebastião, com mais de 200 mil documentos, alguns do século 17.

Com apoio técnico do Centro de Documentação (Cedoc) do Detran, o acervo passou por oito meses de trabalho de restauração, organização e modernização. Após a solenidade, Dom Eusébio benzeu o local ao lado do presidente do Detran, Hugo Leal.

– A iniciativa é de grande importância por conservar documentos desde a fundação da Arquidiocese do Rio, em 1676. Tudo que os cartórios fazem hoje era feito pela Igreja, em termos de documentação, até o século 19. Aqui estão arquivados registros de todos os acontecimentos culturais e religiosos do Rio de Janeiro – afirmou o cardeal, que doou à Arquidiocese do Rio os papiros dos manuscritos das cartas de São Paulo que recebera de presente do Papa João Paulo II.

Técnicos do Detran encontraram documentos centenários guardados em 1.600 latas e oito mil caixas, sem estarem catalogados e, muitos, mal conservados. Mais de 6.300 fotografias também fazem parte do arquivo, que foi tratado pelo Cedoc do Detran.

– O pedido da Arquidiocese do Rio para o Detran ajudar na restauração chegou no momento certo. O Cedoc estava organizando seu próprio arquivo, com mais de sete milhões de documentos. Nossa equipe passou a coordenar os trabalhos com o pessoal da arquidiocese. Esse projeto deve ser seguido por outras dioceses e empresas para garantir a memória história e social brasileira – explicou o presidente do Detran, Hugo Leal.

A coordenadora do Cedoc, Eliana Mendonça, descreveu as condições encontradas ao começar os trabalhos. Segundo ela, muitos documentos estavam espalhados por prateleiras em estado precário de conservação. O primeiro passo, lembrou ela, foi fazer estudo dos documentos produzidos pela Igreja, para se ter idéia do que poderia ser encontrado.

– Só assim tivemos condições de saber o que poderíamos encontrar. A partir de agora há condições de pesquisar, por exemplo, os registros de miscigenação, de mortes e os costumes da sociedade entre os séculos 17 e 19 – afirmou Eliana Mendonça.

Com o trabalho desenvolvido pelos 18 técnicos do Detran desde junho de 2003, pesquisadores, estudantes e curiosos poderão encontrar relíquias, como a certidão de batismo de Machado de Assis, o processo de separação de Chiquinha Gonzaga ou o certificado de casamento de Duque de Caxias. Todos os mais de 200 mil documentos e fotogafias estão armazenados em ambiente climatizado.

Também podem ser pesquisados cartas, fotografias e cartões-postais enviados por fiéis aos cardeais do Rio desde o início do século 20, que revelam hábitos religiosos da população e a evolução da fotografia no Brasil. Muitas imagens foram reveladas e ampliadas com o uso de técnicas já superadas.

O acervo ficará aberto para visitação pública todas as terças, quartas e quintas-feiras, das 14h às 18h. O arquivo da Diocese fica na Catedral Metropolitana do Rio, na Avenida República do Chile, 245, no Centro.