Com gritos de “É campeã,” a escola de samba Vai-Vai desfilou na madrugada deste domingo a história do Bixiga, tradicional bairro paulistano, e comprovou seu favoritismo para o título do Carnaval de São Paulo em 2004. Mas ela terá concorrentes de peso na disputa, como a Rosas de Ouro e a Águia de Ouro.
“Entre ontem e hoje, para mim, a campeã é a Vai-Vai,” definiu o jornalista especializado em samba Alexandre Sampaio, destacando que a correria da escola no fim do desfile para não ultrapassar o prazo de tempo determinado não é um problema. “As escolas grandes já estão programadas para darem essa corrida no final.”
Para falar sobre o Bixiga, os 4.500 integrantes da escola representaram desde os negros que se instalaram no bairro logo após a Abolição, até a boemia paulistana e as cantinas italianas que caracterizam a região. O samba tinha letra fácil e por isso foi cantado pela arquibancada durante todo o desfile.
A grande concorrente da Vai-Vai esta noite é a Rosas de Ouro, que comemorou os 450 anos de São Paulo mostrando os monumentos da cidade. As réplicas eram perfeitas e estavam ora nos carros alegóricos, ora na avenida, carregadas por integrantes da escola. A bateria, logo que saiu do recuo, parou brevemente na avenida e tocou virada para a arquibancada.
“Foi ótimo em evolução, fantasia, empolgou bastante. Achei que o escultor da escola explorou bem os monumentos da cidade, além de ser um pouco de cultura para o povo,” comentou Luís França, diretor de redação da revista Metrópole.
As escolas Mocidade Alegre e a Nenê de Vila Matilde animaram a arquibancada, mesmo entrando depois das 5h00. A primeira, mostrou os imigrantes que vivem em São Paulo, destacando as plantações de café e os meios de transporte, como o bonde e o metrô. O samba foi bem acompanhado pelo público, inclusive por pessoas com camisetas de outras escolas.
A Nenê encerrou os desfiles do Grupo Especial contando a história da Bienal e misturando artes plásticas com a arte popular do Carnaval. No abre-alas estava a figura do fundador da Bienal, Ciccilio Matarazzo, interpretado pelo ator Edson Celulari, e uma ala com grupos de diferentes etnias dava o gostinho do que será a próxima exposição.
A Império da Casa Verde remeteu-se à mitologia grega para falar sobre São Paulo. Sua bateria foi elogiada pelo próprio puxador do samba, que durante alguns segundos deixou que ela tocasse sem o acompanhamento da letra do samba enredo.
Trazendo personagens inusitadas à avenida, entre musas de homossexuais, sósias de cantores como Rita Lee e Roberto Carlos, além de membros do circo, a Leandro de Itaquera celebrou os artistas da cidade e deixou no ar a pergunta “Que artista sou eu?.”
Também participaram esta noite a Barroca Zona Sul, que abriu o segundo dia de desfiles no Sambódromo mostrando diferentes religiões e pedindo fé e paz, e a Imperador do Ipiranga, que homenageou o bairro e mostrou a Independência do Brasil com a imagem do grito às margens do rio Ipiranga.
A apuração para escolha da campeã do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, além das duas escolas que retornarão para o Grupo de Acesso, será na terça-feira, dia 24, a partir das 10h00 (horário de Brasília).