PF vai chamar Eduardo Cunha para depor sobre o caso de Sérgio Moro

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Publicado terça-feira, 16 de janeiro de 2024 as 17:09, por: CdB

No caso do ex-presidente da Câmara, a PF apura suspeita apontada por Tony Garcia em depoimento prestado no ano passado, no Supremo Tribunal Federal (STF), de que teria sido dada a ele a “missão” de falar com Cunha que Marcelo Odebrecht e seus parentes estavam sob investigação.

Por Redação, com BdF– de Brasília

A Polícia Federal (PF) planeja ouvir, nos próximos dias, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e o ex-executivo da Odebrecht Fernando Reis no âmbito da investigação que apura denúncias de irregularidades no acordo de colaboração premiada do empresário e ex-deputado estadual do Paraná Tony Garcia, homologado pelo ex-juiz parcial e incompetente, hoje senador, Sergio Moro (UB-PR), em 2004. As supostas fraudes podem ter afetado também os acordos de colaboração fechados pela Operação Lava Jato, anos mais tarde.

Cunha
Cunha esteve preso em Curitiba, onde cumpria pena por uma série de crimes cometidos

No caso do ex-presidente da Câmara, a PF apura suspeita apontada por Tony Garcia em depoimento prestado no ano passado, no Supremo Tribunal Federal (STF), de que teria sido dada a ele a “missão” de falar com Cunha que Marcelo Odebrecht e seus parentes estavam sob investigação na Lava Jato. Investigadores federais sugerem que seja tomado o depoimento de Cunha e de Fernando Reis, que foi um dos executivos das empresas do grupo de Marcelo Odebrecht .

Ao todo, Tony Garcia depôs por mais de cinco horas no ano passado às autoridades que, a partir dos relatos, listaram uma série de episódios prontos a ser investigados, incluindo o uso de escutas ambientais e investigação de pessoas por parte de Tony, como agente infiltrado, envolvendo pessoas que foram investigadas na Lava Jato.

 

Oitivas

Em face destes episódios, a PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) querem ouvir também a advogada e mulher de Sergio Moro, deputada Rosângela Moro (UB-SP), e seu sócio Carlos Zucolotto Junior; além dos ex-integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol, Carlos Fernando dos Santos Lima e Januário Paludo.

A abertura do inquérito foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, na véspera. Para a PF e para a PGR, os episódios relatados por Tony Garcia podem ser enquadrados em crimes como concussão (quando o funcionário público exige vantagem indevida), fraude processual, organização criminosa e lavagem de capitais.

“Nesse quadro, infere-se dos relatos prestados por Tony Garcia, caso sejam eventualmente comprovados, apontam para um desvirtuamento das decisões tomadas no âmbito da Operação Lava Jato”, afirma a PGR no pedido encaminhado ao ministro Toffoli.

 

Agente da Abin

Ainda segundo o relato de Tony, que foi acompanhado por uma série de documentos entregues às autoridades e que embasaram o pedido de abertura de inquérito, seu acordo de colaboração premiada previa a realização de 30 tarefas. Destas, porém, os investigadores da PF constataram que somente duas tinham relação com o episódio que envolvia o Consórcio Garibaldi, empresa de Tony que faliu na década de 90 prejudicando várias pessoas em um episódio que o levou a ser preso por ordem de Moro. Foi a partir dessa prisão que Tony fechou um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, homologado em 2004.

Apesar de ter sido fechado bem antes da Lava Jato, segundo o ex-delator, seu acordo foi marcado por intimidações e chantagens por parte das autoridades que o levaram a realizar várias atividades como “agente infiltrado” e que podem ter afetado pessoas que acabaram sendo investigadas pela Lava Jato anos mais tarde.

 

Delação

Ainda nesta terça-feira, o Tony Garcia utilizou sua conta na rede X (ex-Twitter) para confrontar Moro, a quem acusa de “covardia”. Na mensagem, o ex-delator chamou o ex-juiz a assumir responsabilidade por supostos crimes cometidos. Em sua declaração, Garcia sugeriu que Moro, Rosangela Moro e Deltan Dallagnol considerassem uma delação premiada, diante da abertura di inquérito no STF.

A defesa de Moro negou irregularidades e afirmou desconhecer a decisão do STF, ressaltando que o instituto da colaboração premiada não tinha o mesmo regramento à época dos fatos.

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