PF diz ter provas de que ameaças a Moro são verdadeiras

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Publicado sexta-feira, 24 de março de 2023 as 14:32, por: CdB

O relatório elaborado pela PF reúne provas que detalham a preparação para o atentado, com informações sobre o senador e integrantes de sua família, despesas de carros e alugueis.

Por Redação, com Poder360  Brasília

O documento usado pela Justiça para autorizar a PF (Polícia Federal) a realizar uma operação contra a facção criminosa PCC indica que há provas robustas de que o Primeiro Comando da Capital tinha a intenção de praticar um atentado contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o caso é mais uma “armação” do ex-juiz da Lava Jato (assista ao vídeo no fim desta reportagem).

Sérgio Moro

O relatório elaborado pela PF reúne provas que detalham a preparação para o atentado, com informações sobre o senador e integrantes de sua família, despesas de carros e alugueis, entre outras coisas. Eis a íntegra do documento (5 MB).

Uma testemunha, com identidade protegida por lei, teria procurado o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por estar “jurada de morte” pelo “NEFO”, o líder da operação contra Moro.

Conforme o delator, NEFO é Janeferson Aparecido Mariano Gomes, que estaria encarregado de “levantar informações e sequestrar” o senador. Ele não soube especificar quais atos criminosos seriam realizados depois. Os depoimentos levaram à instauração de inquérito policial.

A testemunha entregou à polícia quatro números de telefone celulares, que seriam de pessoas próximas a NEFO. A PF começou, então, um monitoramento a partir da quebra dos sigilos telefônicos e de mensagem dos aparelhos.

“Os primeiros dados recebidos identificaram fortes indícios de que haveria ações criminosas de um núcleo do PCC da chamada ‘restrita’ contra o senador Sergio Moro, motivo pelo qual foi necessária a complementação ainda dentro da primeira quinzena de interceptações telefônicas e telemáticas. Aliás, foram realizados dois pedidos devido à gravidade dos dados que eram identificados a cada minuto”, lê-se no relatório.

“Destacamos que a capacidade bélica dos criminosos é notória e as imagens obtidas nas contas vinculadas a essa investigação demonstram armas variadas, dentro de casas, sob móveis, indicando que efetivamente estão prontas para uso da organização criminosa na prática de crimes”, declarou a PF.

Celulares

Nos celulares, a PF encontrou mensagens em que NEFO pedia à namorada, Aline de Lima Paixão, que guardasse alguns códigos em seu celular: “Flamengo” seria “sequestro”; “Fluminense” seria “ação (possivelmente assassinato)”; “Tokyo” seria “Moro”; e “México” seria “MS (Estado do Mato Grosso do Sul)”. Um áudio de um dos envolvidos no plano confirmou os códigos.

A polícia também teve acesso à imagem de um caderno com informações sobre Moro e sua família, o que indicaria que eles também seriam alvos dos criminosos. Conforme as investigações, o senador foi monitorado por pelo menos 6 meses. A coleta dos dados teria sido feita por Aline Ardnt Ferri.

Além de Moro, há informações sobre:

Rosângela Wolff Moro, mulher do senador;

Júlia Wolff Moro, filha do senador; e

Vinícius Wolff Moro, filho do senador.

Segundo a PF, o promotor de Justiça de São Paulo Lincoln Gakiya também era um dos alvos.

As imagens enviadas por Aline “comprovam categoricamente os levantamentos sobre o Senador Sergio Moro e família, com anotações feitas em uma página de caderno”, disse a PF.

Outra imagem obtida pela PF mostra uma lista com as despesas previstas para o atentado. Elas totalizam mais de US$ 550 mil, equivalente a quase R$ 3 milhões.

“A título de exemplo, as notações referentes a ‘paiol’ são referentes ao local de armazenamento das armas, manutenção cofres também diz respeito ao local de guarda das armas, etc. Importante destacar que já temos uma anotação vinculada a Janeferson, vulgo NEFO: ‘-$ 10mil PR viagem nf’. Temos também clara referência a data de 08/08/2022: ‘$2500 Adv Miguel 8/8/22’”, disse a PF.

A PF também divulgou prints de mensagens que “demonstram o nível do levantamento feito pelos criminosos no local de votação do então candidato Sergio Moro”.

Os criminosos

Os investigadores descobriram que os criminosos alugaram imóveis. Um deles era “privilegiado para fugas, pois é próximo da Rodoviária de Curitiba e caminho para o Aeroporto de São José dos Pinhais, auxiliando tanto em um deslocamento para a prática de crime, por exemplo, no aeroporto, quanto para a saída em locais de fácil deslocamento (aeroporto e rodoviária)”.

Além das anotações das despesas, os aluguéis foram confirmados pelos criminosos em áudios obtidos pela PF e por diligências da polícia em imobiliárias e nos locais alugados tanto em Curitiba e quanto em outras cidades.

“Verificamos que os criminosos estiveram em chácaras na região de Contenda e São José dos Pinhais, bem como locaram uma residência bem próxima dos endereços do Senador em questão. Não bastasse isso, utilizaram veículos diversos e têm despendido relevantes quantias oriundas do Tráfico de Drogas para subsidiar esse atentado contra o Estado Brasileiro”, lê-se no relatório.

“A utilização de armas de fogo ficou evidente desde a primeira quebra de dados, quando identificamos fotos de armas de fogo em residências, munições, planilhas de valores para a aquisição de armas, o que corrobora as anotações de ‘cofres’ encontradas, deixando claro a periculosidade dos investigados.”

A PF disse ter identificado um veículo blindado no Paraná, “juntamente com uma anotação que fala em três carros pretos, valendo-se do código STJ (utilizado para tratar de sequestro, como o código ‘flamengo’), e outros dois veículos com referência a ‘cofre’ (provavelmente onde irão as equipes com fuzis)”.

O relatório da PF serviu de base para o decreto de prisão preventiva para 14 acusados. Eis a íntegra do pedido (2 MB).

Lula

Durante visita ao complexo naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, na quinta-feira, Lula falou sobre o plano de atentado contra Moro.

O presidente declarou: “Eu vou descobrir o que aconteceu, é visível que é uma armação do Moro, mas eu vou pesquisar, eu vou saber do porquê da sentença”.

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