32 milhões de trabalhadores europeus estão expostos a agentes químicos

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Publicado terça-feira, 13 de maio de 2003 as 13:37, por: CdB

Um quinto dos trabalhadores europeus, correspondente a 32 milhões de pessoas, estão expostos a agentes cancerígenos nos locais de trabalho, divulgou esta terça-feira, a Agência Européia para a Segurança e Saúde no Trabalho, em Estrasburgo, na França.

A agência é responsável pela campanha de combate aos riscos da existência de substâncias perigosas nos locais de trabalho, lançada conjuntamente pelo Parlamento Europeu (PE) e pela Comissão Européia.

A iniciativa constitui a primeira campanha pan-européia para a redução dos riscos das substâncias químicas, agentes biológicos e outras substâncias perigosas nos locais de emprego. A comissária européia do Emprego e Assuntos Sociais, Anna Diamantopoulou, realçou que “as substâncias perigosas contribuem significativamente para os 350 milhões de dias perdidos devido a doenças profissionais na UE e para os sete milhões de pessoas que sofrem de doenças profissionais”.

As estatísticas da UE revelam que 22% dos trabalhadores do bloco inalam fumaça e vapores durante pelo menos um quarto do seu tempo de trabalho, enquanto 21% estão expostos a agentes cancerígenos como o benzeno (no combustível) e a sílica cristalina (materiais de construção). Além disso, 16% dos trabalhadores manipulam ou estão em contato com tintas, pesticidas, crômio VI (no cimento úmido) e outras substâncias perigosas também durante pelo menos um quarto do tempo de trabalho. Os setores de maior risco vão desde a construção e agricultura até a impressão gráfica, limpeza, cuidados de saúde e mecânica automóvel, estimando-se que dois terços dos 30 mil produtos químicos mais usados na UE não foram sujeitos a testes de toxicidade completos e sistemáticos.

Um outro dado relativo à atitude das empresas perante substâncias com riscos tóxicos conhecidos: apenas 12% cumprem as normas de prevenção dos riscos.

Câncer, asma e problemas neuro-psiquiátricos são algumas das doenças que podem ser provocadas por um conjunto estimado de 100 mil substâncias químicas comercializadas na UE e por agentes biológicos. Um estudo separado, de acordo com aquela Agência Européia, revelou que 20% das Fichas de Dados de Segurança fornecidas pelos fabricantes de substâncias perigosas continham erros.

Quanto aos efeitos sobre a saúde dos trabalhadores, as pesquisas mostraram que 4% dos cânceres estão relacionados com o exercício de uma atividade profissional e que 10% sofrem de eczema. Estima-se que as doenças de pele causadas pelo exercício de uma profissão custam 600 milhões de euros por ano. No caso da asma, associada ao exercício de uma atividade profissional, os valores calculados variam entre 400 e 800 milhões de euros.

A campanha lançada agora na União Européia antecede a realização, em outubro, da Semana Européia para a Segurança e Saúde no Trabalho.