Segunda, 07 de Dezembro de 2015 às 07:38, por: CdB
Por Redação, com agência internacional - de Caracas:
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), coligação da oposição, afirmou nesta segunda-feira que a vitória nas eleições parlamentares na Venezuela representa “o início da mudança” no país. “Começou a mudança, Venezuela. Hoje temos razões para celebrar, o país pedia uma mudança, essa mudança começou hoje”, comemorou o secretário executivo da MUD, Jesús Torrealba, após o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) dos resultados oficiais.
– O povo falou de forma clara, as famílias venezuelanas estão cansadas de viver as consequências do fracasso do programa do PSUV – disse o líder da oposição.
A coalização de oposição na Venezuela, Mesa de la Unidad Democrática (MUD), conquistou 99 dos 167 assentos da Assembleia Nacional nas eleições legislativas de domingo. O "oficialismo", bloco de governo que inclui o partido socialista de Nicolás Maduro PSUV e partidos aliados, ficou com 46 assentos, segundo divulgou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) após a apuração de 96% das urnas.
O presidente da Venezuela disse aceitar os resultados adversos e destacou "o triunfo da Constituição e da democracia". "Nosso reconhecimento dos resultados sempre esteve garantido", disse Maduro na madrugada desta segunda-feira em um discurso transmitido pela TV estatal. "Sempre soubemos que nadávamos contra a corrente e não nos escondemos." Ele atribuiu a vitória da oposição a uma "guerra econômica".
Coalizão de oposição ao chavismo vence 99 dos 167 assentos na Assembleia Nacional
A vitória já havia sido anunciada mais cedo pelo ex-candidato a presidente Henrique Capriles e por Lilian Tintori, esposa do oposicionista preso Leopoldo López.
– Ganhamos e ganhamos bem. São momentos muito difíceis porque sabemos que ganhamos, mas não sabemos o que o governo vai fazer – disse Tintori.
Com a maioria, a oposição pode limitar o poder de atuação de Maduro, cujo mandato vai até 2019. Depois de 16 anos de hegemonia chavista, com a maioria parlamentar, os oposicionistas também podem aprovar uma lei de anistia para presos políticos e investigar funcionários públicos.
Para os líderes da oposição, a vitória marca o início do fim do chavismo. Especialistas afirmam que a péssima situação econômica do país foi um dos fatores fundamentais para a possível derrota do governo.
Eleição (quase) sem incidentes
Cerca de 20 milhões de venezuelanos foram às urnas neste domingo para eleger os novos parlamentares. A eleição transcorreu sem incidentes, porém, no final do dia, o CNE decidiu prorrogar por uma hora a votação e retirar credenciais de ex-presidentes de vários países latino-americanos que observavam o processo eleitoral a pedido da oposição e haviam questionado o atraso no fechamento das urnas.
A oposição alegou que a manobra governista visava evitar a derrota. Três horas após o prazo oficial de fechamento das urnas, o CNE ainda não havia anunciado o encerramento da eleição.
O órgão eleitoral afirmou que a legislação determina que, enquanto houver eleitores na fila para votar, as urnas devem permanecer abertas.
Eleições
O professor da UFF destaca que, apesar de as eleições na Venezuela sempre terem sido questionadas por sua legitimidade, a presença de observadores internacionais dá respaldo e credibilidade aos pleitos.
A Ecoanalítica destaca que, durante a gestão de Maduro, o país experimentou um desgaste econômico acelerado. Os preços do petróleo diminuíram 22,5% em 2015. A projeção da taxa de inflação para o final do ano é de 208,6%, e o poder aquisitivo caiu 33,8%.
A União Europeia manifestou, no dia 26 de novembro, preocupação com o aumento de casos de violência relacionados às eleições venezuelanas, depois do assassinato de um dirigente da oposição durante um comício.
– O assassinato de Luis Manuel Díaz, secretário regional do partido Ação Democrática, mostra a deterioração de uma situação já tensa no período que antecede as eleições legislativas de 6 de dezembro – disse destaca o bloco em comunicado a respeito da morte do opositor de Maduro, no dia 25 de novembro deste ano.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU tem alertado o governo da Venezuela sobre a necessidade de se garantir a adequada proteção de opositores políticos, defensores de direitos humanos e outras pessoas que enfrentam ameaças em relação ao trabalho que desempenham.
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