Uerj: estudantes mantêm ocupação em protesto

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Publicado Quarta, 02 de Dezembro de 2015 às 11:31, por: CdB
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro: Alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) mantiveram nesta quarta-feira a ocupação do campus principal da instituição, no Maracanã, na Zona Norte da capital. Na tarde de terça, os estudantes se reuniram em assembleia e decretaram greve. A principal reivindicação é o pagamento dos salários atrasados dos terceirizdos, dos residentes e dos bolsistas de graduação, além do reajuste no valor das bolsas para os universitários, atualmente de R$ 400. Eles também querem a destinação de 6% do orçamento do Estado para as universidades públicas. Karina Santos, estudante de comunicação social, destacou que terceirizados, estudantes residentes e cotistas estão sem receber. Segundo ela, muitos cotistas dependem da bolsa para continuar os estudos.
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Alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) mantiveram nesta quarta-feira a ocupação do campus principal da instituição, no Maracanã
– É totalmente inviável para um estudante cotista vir estudar nessas circunstâncias. A Uerj, que é uma faculdade pioneira no que diz respeito às cotas, não pode dizer que não tem condição de pagar a bolsa deles. Como é que os terceirizados virão trabalhar sem receber seus pagamentos, sendo que o mesmo já não é feito de forma regular há mais de um ano? Isso só ilustra como esse atraso já é algo rotineiro na universidade – explicou. David Gomes, aluno de história e cotista da universidade, confirmou que, sem o pagamento da bolsa, não tem condições de estudar. “O transtorno de não receber a bolsa é total. Quando a gente a recebe, faz todo o planejamento do mês para tentar se manter, minimamente, dentro da universidade, já que o valor não cobre todas as despesas para estudar. A universidade é pública, mas pagamos para comer, pagamos xerox, passagens, etc”. Os estudantes devem se reunir novamente em assembleia na próxima sexta-feira, para decidir os rumos do movimento. Em nota publicada em seu site, a reitoria da Uerj limitou-se a dizer que a manifestação pacífica dos alunos é legítima e motivada. Centenas de estudantes da Uerj reuniram-se na terça-feira no campus da instituição no Maracanã, para protestar contra o atraso no pagamento de bolsas de cerca de 7 mil alunos e dos salários dos funcionários terceirizados. Com faixas e palavras de ordem, eles se recusam a ter aula enquanto a situação não for regularizada. O pagamento está atrasado devido a problemas financeiros da universidade. O espaço começou a ser ocupado na noite de segunda por estudantes. A volta às aulas estava prevista para terça-feira, mas de manhã estudantes impediram a entrada de colegas e de professores. O reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, anunciou na semana passada a paralisação das aulas por motivos de insalubridade. Para Caio de Souza Barbosa, aluno do 8º ano do curso de história que recebe bolsa de monitoria, a crise financeira do governo estadual não justifica todos os calotes. “O Estado subsidia muitas iniciativas privadas. Por exemplo, a SuperVia (empresa responsável pelos trens urbanos) vai ganhar R$39 milhões de subsídio do governo, e percebemos que a prioridade não é a educação pública e a coisa pública. (O governador Luiz Fernando) Pezão tem de onde tirar, mas não quer”, afirmou Barbosa. A proposta de subsídio foi apresentada a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e pode ser votada na semana que vem. O governo argumenta que o subsídio evitará aumento do preço da passagem, que atualmente é R$ 3,30. Além do atraso, os estudantes reclamaram que o valor da bolsa para cotista, de cerca de R$ 400, não tem reajuste há seis anos. A bolsa tem a finalidade de ajudar bolsistas e cotistas a pagar transporte, comida e fotocópias de material acadêmico. Funcionários da universidade e da empresa de limpeza que presta serviço à Uerj também sofrem com atrasos de pagamento há meses. Hoje eles receberam o salário referente a outubro apenas. O governador Luiz Fernando Pezão culpou a baixa arrecadação de impostos e a interrupção dos repasses federais pelos atrasos de pagamentos do estado. Ele disse que garantir o pagamento em dia será uma luta diária. “O Estado passa por um momento muito difícil, assim como todo o país. Para terem uma ideia, não recebi ainda uma parcela do Arco Metropolitano que já entregamos em junho de 2014”, disse o governador nesta manhã em evento público no Rio. Para a também estudante de história Maíra Marinho, que está na manifestação desde ontem, o problema dos terceirizados é ainda mais antigo, fruto de um modelo de precarização do trabalho. “É um problema crônico, que é o de privatizar os serviços que deveriam ser públicos e estatais. As pessoas acabam trabalhando de graça, sempre com salários atrasados, e é uma situação muito complicada e estrutural aqui na universidade e no Brasil.” Fundada em 4 de dezembro de 1950, a universidade tem mais de 28 mil matriculados em seus cursos. Além do Campus do Maracanã, a instituição oferece cursos no em seis campi espalhados pelo Estado. O reitor informou, na página oficial da Uerj, que a manifestação pacífica dos estudantes é legítima e motivada.
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