Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Tucanos devem mas não querem pagar dívida com marqueteiro de Serra

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Quarta, 26 de Fevereiro de 2014 às 08:45, por: CdB
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Gonzalez conversa com Serra no intervalo de um dos debates com os outros presidenciáveis, em 2010
O marqueteiro Luiz Gonzalez cobra na Justiça, desde o início deste mês, R$ 8,7 milhões do PSDB por trabalho que diz ter prestado à campanha de Serra à Presidência da República, em 2010. O partido reconhece a dívida, mas diz que prioridade, agora, é a tentativa de eleger o senador Aécio Neves (MG), que tomou conhecimento da pendência ao assumir o comando do partido, em maio deste ano. Ao perceber que não receberia, amigavelmente, o que os tucanos lhe devem, Gonzalez acionou a 2.ª Vara de Execução de Título Extrajudicial para tentar reaver o valor cobrado dos tucanos há quatro anos. Antes de Aécio, o PSDB era presidido pelo deputado Sérgio Guerra (PE), que também não autorizou o pagamento. Tesoureiro do PSDB, o deputado Rodrigo de Castro (MG), aliado de Aécio, transferiu a responsabilidade: – Quem está com esse assunto é o próprio Aécio. “É ele que está acompanhando desde o início essa questão. Tem que olhar com ele. Procurado por jornalistas do diário conservador O Estado de S. Paulo, Aécio preferiu não comentar o assunto e que o caso está na alçada do diretor de Gestão Corporativa do partido, o ex-deputado João Almeida. Este, por sua vez, afirmou que a prioridade da sigla neste ano é a campanha de Aécio à Presidência. – Não podemos paralisar o partido para atender a uma dívida do passado. Tem que continuar tocando. Tem uma campanha futura. O bom senso seria pagar depois da campanha – afirmou Almeida. Almeida, no entanto, desdisse o tesoureiro da legenda e adiantou aos repórteres que que Aécio "não tem conhecimento da cobrança". – Não levei essa aporrinhação a ele ainda. Estou cuidando disso. Quando a intimação chegar eu vou ter que envolvê-lo – disse. A ação foi protocolada em 6 de fevereiro, mas o PSDB ainda não foi notificado pela Justiça. Para o vice-presidente executivo do PSDB durante a campanha de Serra, e hoje presidente do PSDB no Distrito Federal, Eduardo Jorge Caldas Pereira, embora o partido reconheça a dívida, não tem a menor intenção de quitá-la, por enquanto. – Se o partido não pagou é porque não tem dinheiro. Na prestação de contas a gente reconheceu a dívida. Se a gente reconheceu a dívida, a gente vai pagar (…) quando tiver dinheiro – escorrega. Em maio do ano passado, para ter as contas da campanha de Serra aprovadas, o PSDB apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral um documento no qual reconheceu dívidas no valor nominal de R$ 6 milhões – a dívida nominal com Gonzales é de R$ 4 milhões. Corrigida pela Justiça do DF, chega a R$ 8,7 milhões. A sigla se comprometeu a pagá-las. Esse documento foi usado pela defesa de Gonzalez como prova de que o serviço foi prestado. Em fevereiro, a Justiça pediu à empresa de Gonzalez, a Campanhas Comunicação, autora da ação, que comprovasse os serviços prestados. O documento do PSDB ao TSE reconhecendo a dívida foi a prova apresentada. O valor total do contrato com a campanha de Serra foi de R$ 45 milhões no primeiro turno (quase metade do custo total da campanha, que chegou a R$ 100 milhões, informados ao TSE), e mais R$ 12 milhões no segundo turno. De acordo com o contrato, a empresa Campanhas Comunicação era responsável por toda a parte de comunicação da campanha, recebendo o valor ou indicando outras empresas prestadoras do serviço para pagamento direto do PSDB. O advogado de Gonzalez, Eduardo Moreth, disse apenas que “existe um saldo de campanha que está sendo cobrado judicialmente”. Gonzalez prefere não falar sobre o assunto, mas ele receberá, em abril deste ano, se não houver novos contratempos, a parcela final de um acordo firmado em 2006 para receber, também em juízo, uma dívida firmada pela campanha do tucano Geraldo Alckmin ao governo do Estado de São Paulo.
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