Rio de Janeiro, 23 de Abril de 2025

Rússia bombardeia Síria, mas EI não é alvo principal

A Rússia realizou ataques aéreos na Síria pelo terceiro dia seguido nesta sexta-feira, principalmente em áreas sob controle de grupos insurgentes rivais ao governo sírio, e não nos territórios dos Estado Islâmico, que o país havia dito que seria seu alvo.

Sexta, 02 de Outubro de 2015 às 08:32, por: CdB
Por Redação, com Reuters e ABr - de Beirute/Moscou/Ancara: A Rússia realizou ataques aéreos na Síria pelo terceiro dia seguido nesta sexta-feira, principalmente em áreas sob controle de grupos insurgentes rivais ao governo sírio, e não nos territórios dos Estado Islâmico, que o país havia dito que seria seu alvo. Os Estados Unidos, que também estão realizando uma campanha de bombardeios aéreos contra o Estado Islâmico, diz que a Rússia vem usando sua ação como um pretexto para atacar outros grupos insurgentes que se opõem ao governo do presidente Bashar al-Assad, aliado de Moscou.
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Avião de combate russo Sukhoi Su-25 durante exercício em Novofedorovka, Simferopol
Alguns dos grupos que foram atingidos são respaldados pelos países que se opõem tanto a Assad como ao Estado Islâmico, incluindo pelo menos uma organização que recebeu treinamento da CIA. O governo russo disse nesta sexta-feira que seus últimos ataques haviam atingido 12 alvos do Estado Islâmico, mas a maioria das áreas descritas ficam em partes do país onde o grupo radical tem pouca ou nenhuma presença. O Ministério da Defesa russo afirmou que seus aviões de guerra Sukhoi-34, Sukhoi-24M e Sukhoi-25 completaram 18 missões e descreveu alvos no oeste e norte da Síria, incluindo um posto de comando e um centro de comunicações na província de Aleppo, um acampamento de militantes em Idlib e um posto de comando em Hama. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, entidade com sede em Londres que monitora o conflito por meio de uma rede de fontes no local, disse que Estado Islâmico não tem presença nas zonas oeste e norte, que foram atingidas. Segundo o dirigente do Observatório, Rami Abdulrahman, um dos alvos bombardeados pelos russos, a cidade de Dar Tazzah, na província de Aleppo, no noroeste, é controlada por vários grupos insurgentes, incluindo a Frente Nusra, ligada à Al Qaeda. No entanto, a Rússia também atingiu áreas do Estado Islâmico em um pequeno número de ataques mais a leste. O Observatório disse que 12 combatentes do Estado Islâmico foram mortos perto de Raqqa na quinta-feira, e aviões que se acredita serem russos também haviam atingido a cidade de Qarytayn, controlada pelos islamistas. A decisão do presidente Vladimir Putin, nesta semana, de lançar ataques aéreos contra a Síria marca uma escalada dramática do envolvimento estrangeiro em uma guerra civil de quatro anos em que todos os principais países da região têm participação.

Ataques russos na Síria

Os bombardeios aéreos da Rússia na Síria vão agravar o conflito, advertiram nesta sexta-feira países-membros da coligação contra o Estado Islâmico liderada pelos Estados Unidos,. Eles pediram a Moscou que pare imediatamente de atacar forças da oposição síria. – Essas ações militares constituem nova escalada e só vão gerar mais extremismo e radicalização – afirmam sete países-membros da coligação, incluindo a Turquia, a Arábia Saudita e os Estados Unidos, em declaração divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros turco. – Pedimos à Federação Russa que cesse imediatamente os ataques contra a oposição síria e os civis – acrescenta a declaração, também publicada nos sites dos ministérios dos Negócios Estrangeiros da Alemanha e França. Para a coligação, a Rússia deve “centrar os seus esforços no combate ao Isil”, sigla alternativa para designar o grupo jihadista Estado Islâmico. A Rússia tem insistido que os seus bombardeios visam apenas ao Estado Islâmico, mas os Estados Unidos e seus aliados afirmam que outros grupos de oposição ao presidente Bashar Al Assad foram atacados. A declaração manifesta “profunda preocupação” com os ataques russos que “causaram mortes de civis e não visaram” à organização. A declaração é assinada pela Alemanha, Arábia Saudita, os Estados Unidos, a França, o Catar, Reino Unido e a Turquia.

Cidade de Raqqa

Aviões de combate russos bombardearam a cidade síria de Raqqa, reduto de jihadistas do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Nordeste do país, e destruíram infraestruturas “utilizadas para treinar terroristas”. A informação foi anunciada nesta sexta-feira pelo Ministério da Defesa russo. – Como resultado dos ataques, o posto de comando foi neutralizado e a infraestrutura utilizada para treinar terroristas foi completamente destruída – acrescentou. O anúncio da Rússia foi feito pouco depois de a organização não-governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos ter informado que pelo menos 12 combatentes do EI morreram em bombardeios contra Raqqa. Os aviões de combate, que a organização disse desconhecer se eram russos ou da coligação internacional, bombardearam a área nove vezes. Entre os mortos há combatentes sírios e de outras nacionalidades, assim como um comandante iraquiano e outro tunisiano. A aviação russa iniciou na quarta-feira ataques aéreos na Síria. Moscou garante que os alvos são posições do Estado Islâmico, mas os primeiros bombardeios foram nas províncias de Idleb, no Nordeste, Homs e Hama, no centro da Síria, tendo visado aparentemente grupos da oposição moderada, apoiados e treinados pelos Estados Unidos
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