Rio de Janeiro, 08 de Dezembro de 2025

Renan Calheiros sinaliza apoio ao golpe articulado por tucanos

Oliveira admite que não há, ainda, um plano efetivo para apear a presidenta do poder, embora esta alternativa tenha sido avaliada, cada dia mais, entre os parlamentares do PMDB

Quinta, 10 de Março de 2016 às 08:51, por: CdB

Oliveira admite que não há, ainda, um plano efetivo para apear a presidenta do poder, embora esta alternativa tenha sido avaliada, cada dia mais, entre os parlamentares do PMDB

 
Por Redação - de Brasília
Se a presidenta Dilma Rousseff contava com o apoio do PMDB para manter-se no cargo e afastar o risco de impedimento, pedido no Congresso, pode começar a se preocupar. Durante encontro, na noite desta quarta-feira, líderes peemedebistas e tucanos se aproximaram, ainda mais, e tendem a contribuir, mutuamente, com o golpe de Estado em curso. A reunião, ocorrida durante jantar na mansão do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), entre as forças de ultradireita, reuniu o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o líder da sigla na Casa, Eunício Oliveira (CE), e o senador Romero Jucá (RR) e, entre os tucanos, o senador Aécio Neves (MG), dirigente nacional da legenda, e os colegas José Serra (SP), Antonio Anastasia (MG), Cássio Cunha Lima (PB) e Aloysio Nunes (SP).
renan-calheiros.jpgRenan Calheiros (PMDB-AL) tende a apoiar o golpe de Estado em curso contra a presidenta Dilma
Jereissati foi o nome escolhido para conversar com os jornalistas presentes ao encontro. — Há uma constatação de que o momento é bastante grave", iniciou. "Tanto o PMDB como o PSDB não podem ficar omissos. Vamos trabalhar juntos para encontrar, o mais breve possível, uma saída para a crise que o Brasil vive — disse o representante das elites nordestinas. O discurso de Jereissati foi endossado por Eunício Oliveira. — Essa aqui é uma conversa de gente adulta preocupada com o país. Não viemos aqui derrubar o governo Dilma. Viemos buscar uma saída para a crise — disse. O senador peemedebista cearense acrescentou que as forças reacionárias buscam "aglutinar outras forças políticas a esse processo", em uma clara indicação de que pretendem cooptar líderes de outras legendas para o plano de derrubar a presidenta Dilma. Oliveira admite que não há, ainda, um plano efetivo para apear a presidenta do poder, embora esta alternativa tenha sido avaliada, cada dia mais, entre os parlamentares do PMDB. Segundo afirmou, os tucanos disseram ser "muito difícil qualquer solução com Dilma”, mas os senadores peemedebistas presentes preferiram não comentar a hipótese do golpe de Estado. — O impeachment é uma realidade colocada, há um processo em andamento. Assim como há uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outros cenários que angustiam a população. Há um sentimento no Congresso de que é preciso encontrar uma solução (urgentemente) — emendou Oliveira aos jornalistas. O encontro, que terminou às altas horas desta quinta-feira, foi a primeira demonstração pública de entendimento entre o PSDB e o PMDB. Antes, as conversas resumiam-se aos bastidores. De fato, a possível união entre tucanos e peemedebistas, no Congresso, pode significar o fim do mandato de Dilma Rousseff, nos próximos meses. Calheiros e Oliveira eram considerados, até a noite passada, como os integrantes da ala do PMDB mais fiéis à presidenta mas, agora, já demonstram que há uma traição em andamento. Calheiros saiu do jantar sem falar com os repórteres e Jucá idem. Este, no entanto, dirigindo-se ao seu carro, bateu no ombro do ex-governador tucano mineiro Antonio Anastasia e disse: — Agora é hora de arregimentar as tropas. Perguntado sobre o que significava, Jucá apenas sorriu e desconversou: — É futebol.

Tucanos e peemedebistas

Calheiros teve, na véspera, um dia longo que começou com um café da manhã oferecido ao ex-presidente Lula, depois, uma intensa agenda de conversas e, à noite, o jantar com os principais líderes da oposição na Casa. Desde o fim da semana passada, o governo da presidenta Dilma já antevia o problema que é a reaproximação entre Calheiros e o vice-presidente Michel Temer à oposição. A maior apreensão da presidenta é que o presidente do Senado deixe de atuar como credor da governabilidade e passe a apoiar o impeachment. Na última sexta-feira, Renan recebeu Temer em Alagoas numa das viagens do vice em busca de votos para ser reconduzido à presidência do PMDB.
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