Premiê francês alerta para risco de novos ataques
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Segunda, 16 de Novembro de 2015 às 08:19, por: CdB
Por Redação, com DW - de Paris:
O primeiro ministro francês, Manuel Valls, disse nesta segunda-feira, que o governo sabia que ataques estavam sendo preparados e que outros ainda estão sendo planejados, não apenas na França, mas em toda a Europa.
– Teremos que conviver com essa ameaça ainda por um bom tempo – disse Valls. Segundo o premiê, os ataques do dia 13 deste mês, que deixaram 129 mortos e mais de 350 feridos, não foram apenas inspirados na milícia terrorista, mas organizados diretamente na Síria.
A polícia francesa conduziu buscas por islamistas suspeitos durante a noite em todo o país. Em Lyon, as autoridades encontraram um lançador de foguetes e outras armas. De acordo com investigadores, cinco suspeitos foram presos. A ação faz parte do estado de emergência imposto pelo governo e não tem ligação direta com os ataques em Paris.
Enquanto isso, a polícia continua a caçada por suspeitos em toda a Europa. A polícia francesa divulgou uma foto de um "perigoso" suspeito, procurado também na Bélgica, onde os detalhes do massacre da última sexta-feira teriam sido planejados.
Minuto de silêncio
A capital francesa preparou um minuto de silêncio ao meio-dia para velar as vítimas dos ataques de sexta-feira. A homenagem foi acompanhada em todos os países da União Europeia e também em nações aliadas, em solidariedade. Nos Estados Unidos, a bandeira nacional ficará hasteada a meio mastro até o pôr do sol da próxma quinta-feira.
O presidente francês, François Hollande, observou o minuto de silêncio na Universidade de Sorbonne, em reconhecimento ao grande número de jovens entre os 129 mortos. Segundo as autoridades, a grande maioria das vítimas tinha menos de 40 anos de idade.
Ataques aéreos
As cerimônias do terceiro e último dia de luto nacional ocorrem após ataques aéreos das Forças Armadas da França a alvos do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI), que assumiu a autoria dos ataques.
Em retaliação, os aviões de guerra franceses destruíram um posto de comando do EI, um centro de recrutamento, um depósito de munição e um campo de treinamento "terrorista" em Raqqa, na Síria, informou o ministro da Defesa. Até agora não há relatos sobre mortos nos ataques.
Volta à rotina
Após terem passado o fim de semana fechados, o Louvre, o Museu d'Orsay e outros museus da capital francesa, além de teatros e centros culturais, reabrem as portas nesta segunda-feira, às 13h. As aulas também transcorrem normalmente.
No domingo os parisienses procuraram não se deixar intimidar e mantiveram sua rotina, indo a cafés e parques. Da mesma forma, atividades que já estavam programadas há meses, eventos culturais, missas e concertos, decorreram normalmente na capital francesa.
– Nós estamos aqui. Estamos tentando nos adequar a algo que é novo para nós – disse Alban Zipper de Fabiani, um jovem empresário do bairro de Marais. "Todos os dias eu passo pelos locais onde esses ataques aconteceram. Eu moro a cinco minutos daqui."
O pior ataque terrorista na história da França chocou a capital menos de 11 meses após jihadistas terem invadido o semanário satírico Charlie Hebdo e um supermercado judaico, matando 17 pessoas.
Sobre os terroristas
Com as investigações ainda em andamento, autoridades francesas afirmaram que três equipes de terroristas estiveram envolvidas nos ataques em Paris. Já se sabe que sete agressores morreram, mas ainda segue incerto quantas pessoas podem estar ligadas aos atentados.
De acordo com o procurador da República, François Molins, dos sete terroristas que morreram nos ataques, seis se suicidaram com vestimentas explosivas e um foi morto por policiais.
Saiba o que os investigadores já descobriram sobre os terroristas:
Casa de shows Bataclan:
Três terroristas morreram quando as forças de segurança invadiram a casa de espetáculos: dois detonaram seus coletes de explosivos e o outro foi baleado, segundo a polícia francesa. Um dos homens-bomba era o francês de origem argelina Omar Ismaïl Mostefaï, de 29 anos, identificado por impressões digitais.
Outro atirador foi identificado como Samy Amimour, de 28 anos, nascido em Paris. Em outubro de 2012, ele foi indiciado por ligação com terrorismo, após tentar viajar ao Iêmen, e colocado sob controle judicial. No entanto, ele desapareceu em 2013, e um mandado internacional de prisão foi emitido.
A identidade do outro terrorista segue desconhecida. Ao menos 89 pessoas morreram no Bataclan.
Boulevard Voltaire:
O francês Ibrahim Abdeslam, de 31 anos, é um dos três irmãos suspeitos de terem participado dos atentados. Ele foi identificado pelos promotores franceses como sendo o homem que alugou o Seat preto usado nos ataques. No carro, apreendido posteriormente pela polícia nos arredores de Paris, foram encontrados três fuzis Kalashnikov e munição. Ibrahim detonou seu colete de explosivos próximo do café Comptoir Voltaire, sem matar outras pessoas.
Stade de France:
Três ataques suicidas foram executados nos arredores do estádio onde era realizado um amistoso entre as seleções de França e Alemanha. Um dos homens-bomba foi identificado como sendo Bilal Hadfi, de 20 anos. O francês vivia na Bélgica e chegou a lutar ao lado dos jihadistas na Síria.
Além disso, um passaporte sírio de um jovem de 25 anos com o nome Ahmed al Mohammad foi encontrado junto ao corpo de outro terrorista. O titular do passaporte foi registrado como refugiado na ilha de Leros, em 3 de outubro, na Grécia, e seguiu viagem pela rota dos Bálcãs.
As impressões digitais registradas na Grécia correspondem com as do homem-bomba, afirmou Molins. No entanto, há a possibilidade de o passaporte ser falso ou comprado. O terceiro agressor segue sem ser identificado.
Bares e restaurantes:
Ainda não há informações sobre quem realizou os tiroteios contra o restaurante Le Petit Cambodge, os bares Belle Equipe e Le Carillon, além da pizzaria Casa Nostra. Ibrahim Abdeslam é um dos suspeitos.
Suspeito em fuga:
Autoridades francesas e belgas emitiram um mandado internacional de apreensão para Salah Abdeslam, de 26 anos, irmão de Ibrahim. Ele alugou o Volkswagen Polo usado pelo grupo de terroristas que atacou o Bataclan, afirmou um policial. Ele nasceu na Bélgica, mas é cidadão francês.
Uma operação antiterror por toda a França está caçando Salah e outros supostos colaboradores dos terroristas. A polícia afirmou que Salah Abdeslam é considerado perigoso e não deve ser abordado. Ele chegou a ser abordado numa blitz rotineira perto da fronteira entre França e Bélgica, mas foi autorizado a seguir viagem, porque no momento da abordagem ainda não havia mandado de prisão emitido contra ele. Segundo a polícia, duas outras pessoas também estavam no carro.
Detidos:
Um terceiro irmão, Mohammed Abdeslam, é umas das sete pessoas presas em Bruxelas. Além disso, o pai e um irmão de Mostefaï estão sob custódia da polícia e foram interrogados.