Os vazamentos ocorreram em partes de um oleoduto construído nos anos 1970 e gerido pela companhia estatal PetroPeru, que distribui petróleo a partir da floresta
Por Redação, com ABr - de Lima: O governo do Peru declarou estado de emergência em 16 comunidades da Floresta Amazônica devido a vazamentos de petróleo na região de Loreto, no Nordeste do país. A medida, anunciada no Diário Oficial peruano e que envolve ajuda humanitária às comunidades e assistência nas operações de limpeza, vai vigorar por 60 dias. A decisão é tomada mais de um mês depois de ter sido registrado um derramamento de petróleo no distrito de Imaza, com população de 23 mil residentes. Um segundo vazamento foi registado no dia 3 deste mês no distrito de Morona, que tem 9 mil habitantes. Nos dois distritos, os moradores são predominantemente indígenas. Segundo a Rede Assistencial Amazonas, que faz parte do Seguro Social de Saúde do Peru, o petróleo derramado provocou casos de dermatite alérgica, bronquite, faringite e gastroenterite em pessoas que trabalharam na contenção de danos. - Pedimos a toda a população para não consumir a água dos rios - disse Javier Guzmán Cortez, médico e diretor da Rede. O jornal peruano El Comercio reportou que, durante as últimas semanas, a alimentação da comunidade indígena de Mayuriaga, em Loreto, se reduziu a mandioca e algumas folhas por conta do vazamento. Às crianças é dada carne de aves criadas nas casas. - É o mais saudável que podemos ofertar [às crianças] - disse Héctor Anango Huasanga, professor em Mayuriaga. Os vazamentos ocorreram em partes de um oleoduto construído nos anos 1970 e gerido pela companhia estatal PetroPeru, que distribui petróleo a partir da floresta, pelas montanhas dos Andes, até as refinarias, por meio de longa rota na costa norte peruana. Segundo especialistas ambientais, os derramentos devem-se à deterioração da infraestrutura. A PetroPeru foi multada em US$ 3,6 milhões pela falta de manutenção do equipamento. No início deste mês, o governo considerou situação de emergência na área de saúde na região, pelo fato de o petróleo ter poluído os rios que fornecem água potável aos distritos afetados. Um grupo defensor dos direitos dos indígenas informou que desde 2010 ocorreram 11 vazamentos de petróleo na região amazônica do Peru. O presidente da estatal, Germán Velásquez, declarou que deverá levar “algum tempo” até que as operações sejam normalizadas. Com os danos nos oleodutos, o transporte de 5.000 a 6.000 barris de petróleo por dia foi interrompido.