Passeio na Lagoa

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Publicado Domingo, 16 de Agosto de 2015 às 06:00, por: CdB
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Colunista sai e vai passear na Lagoa
Depois  de ver nos jornais  da TV e em papel, um milhão de mortes no mundo, assassinatos à faca, trilhões de roubos políticos e crianças famintas no Brasil, resolvo fechar tudo e ir andar na Lagoa, coisa que não fazia  há muito tempo, tipo tratamento completo: barba, cabelo e bigode.  Além de andar,  fazer  alongamento naquela espécie  de gangorra  parada, depois, de sobremesa, um shiatsu debaixo das árvores. Era o que pretendia. Acho a Lagoa uma das paisagens mais bonitas do Rio, nessa época em que  a cidade resolveu adotar um clima temperado, como cenário,  talvez pra disfarçar a brabeira  do enredo que não anda fácil para o seu  público. Recebi um e-mail sobre um aviso do Pentágono , dizendo que a Inglaterra ia virar a Sibéria, a Europa submergir e outras coisas pavorosas que aconteceram pelo mau uso das reservas naturais, em nome do petróleo, da grana, desde 79, quando Bush não estava nem aí, gargalhando do fato como se fosse uma piada. Bem, quem ri por último ri melhor,  se ficar alguém no mundo pra rir de alguma coisa. Enquanto isso aproveito  esse curto  espaço de tempo, vendo a Mesa do Imperador posta ao ar livre, ser rapidamente desfeita por algum mordomo mais consciente, os Dois Irmãos virarem um só, talvez por zelo do irmão mais velho que o cobriu com uma nuvem cinza à guisa de cobertor. Nesse dia não tinha Cristo. A montanha acabava sem ele. Ele também? Pensei.  Não . Não pode ter nos abandonado. Deve ter alugado o filme do Mel  Gibson sobre a sua vida pra ver em paz na televisão. As torres de sinal da TV Globo também não estavam. Cansadas, como eu, daquelas notícias pavorosas, devem ter acompanhado o Cristo no filme da TV. Uma flecha de andorinhas tentou fazer verão, acendendo o céu com uma luz cor de rosa que se apagou assim que elas passaram, contrariadas com as nuvens cinzentas que voltaram. No fim da tarde escura, a Rocinha também acendeu as luzes brilhando agora, até o final da encosta do morro , e o que, antigamente só dava alegria, hoje, talvez possa ser aviso de perigo, já que as pessoas começaram a ir embora, quando antes, era a hora  de começar a se tomar uma cervejinha nos quiosques que esse dia estavam fechados,  sendo multados por contrabando. As garças, outrora tão elegantes com seus pescoços longos tornaram-se corcundas e se enfiaram em seus casacos brancos por causa de um ligeiro chuvisco. Maria Lúcia Dahl , atriz, escritora e roteirista. Participou de mais de 50 filmes entre os quais – Macunaima, Menino de Engenho, Gente Fina é outra Coisa – 29 peças teatrais destacando-se- Se Correr o Bicho pega se ficar o bicho come – Trair e coçar é só começar- O Avarento. Na televisão trabalhou na Rede Globo em cerca de 29 novelas entre as quais – Dancing Days – Anos Dourados – Gabriela e recentemente em – Aquele Beijo. Como cronista escreveu durante 26 anos no Jornal do Brasil e algum tempo no Estado de São Paulo. Escreveu 5 livros sendo 2 de crônicas – O Quebra Cabeça e a Bailarina Agradece-, um romance, Alem da arrebentação, a biografia de Antonio Bivar e a sua autobiografia,- Quem não ouve o seu papai um dia balança e cai. Como redatora escreveu para o Chico Anisio Show.Como roteirista fez recentemente o filme – Vendo ou Alugo – vencedor de mais de 20 premios em festivais no Brasil. Direto da Redação, editado pelo jornalista Rui Martins
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