Para Renan, próximos meses serão "nebulosos” no Congresso
O presidente do Senado, Renan Calheiros, acredita que o Legislativo, que até o dia 31 de julho está em recesso branco, terá um segundo semestre difícil.
Sobre o vice-presidente da República, Renan disse que Temer tem as virtudes da paciência e da perseverança
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acredita que o Legislativo, que até o dia 31 de julho está em recesso branco, terá um segundo semestre difícil, concentrando agendas sensíveis. Entre os temas delicados, Renan citou as dificuldades na economia, a análise de vetos presidenciais, as comissões parlamentares de inquéritos (CPIs), o projeto de Lei de Responsabilidade das Estatais.
- Não diria que será um agosto ou setembro negro, mas serão meses nebulosos, com a concentração de uma agenda muito pesada. Cabe a todos nós resolvê-la - disse.
Em pronunciamento veiculado pela TV Senado na noite da última sexta-feira, Renan avaliou que a maioria do Congresso é contrária à aprovação de novos tributos ou ao aumento de impostos e disse que a sociedade já está no limite de sua contribuição com impostos, tarifaços, inflação e juros. Para atingir as medidas necessárias para o ajuste fiscal, Renan voltou a pedir que o governo enxugue a máquina.
- É preciso cortar, cortar ministérios, cortar cargos comissionados, enxugar a máquina pública e ultrapassar, de uma vez por todas, a prática superada da 'boquinha e do apadrinhamento - analisou.
Sobre o desempenho do vice-presidente da República, Michel Temer, no comando da articulação política do governo, o presidente do Senado disse que Temer tem as virtudes da paciência e da perseverança.
- É um homem prudente, da conciliação, do diálogo, que está sendo importante para este momento de instabilidade do país - reconheceu.
Ainda durante o pronunciamento, o presidente do Senado voltou a se defender das acusações de recebimento de propina que estão sendo investigadas pela Operação Lava Jato. Disse que não há fato novo envolvendo o seu nome e que a acusação que lhe é feita é “um disco arranhado, um ventilador repetitivo”. O senador acrescentou que prestará esclarecimentos todas as vezes que a Justiça solicitar.
A atuação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que anunciou rompimento com o governo na semana passada, também foi lembrada por Renan que elogiou o colega. Para ele, Cunha tem sido um bom presidente, implementando um ritmo de votações.
Cunha agora é oposição
Na sexta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou o rompimento com o governo da presidenta Dilma Rousseff. Durante a coletiva, em Brasília, Cunha disse que se tornou oposição e acusou o Palácio Planalto de ter se articulado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava Jato. Na quinta-feira, um dos delatores da operação Lava Jato acusou Cunha de pedir US$ 5 milhões em propina.
– O fato de eu estar rompido com o governo não vai afetar a relação institucional. Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido – afirmou Eduardo Cunha.
Cunha reafirmou que há uma tentativa por parte do governo de fragilizá-lo.
– Está muito claro para mim que esta operação [Lava Jato] é uma orquestração do governo – disse.
Ele lembrou que, desde junho, o Executivo iniciou uma ‘devassa fiscal’ contra ele e incluiu seu nome na delegacia de maiores contribuintes do país.
– Esse tipo de devassa, de cinco anos é um constrangimento para um chefe de Poder – disse.
O parlamentar disse que a delação de Camargo é “nula” por ter sido feita à Justiça de primeira instância e lembrou que, como parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha disse que seus advogados vão pedir a transferência do processo de investigação para o STF.
– O juiz não poderia conduzir o processo daquela maneira. Vamos entrar com uma reclamação para que venha [o processo] para o Supremo e não fique nas mãos de um juiz que acha que é dono do país – declarou.
Cunha acusou o delator, o empresário Júlio Camargo, de mentir sob pressão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e afirmou enxergar no episódio uma ação “estranha” do governo.
Notícias nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo e nas revistas Época e Veja falam do rompimento de Cunha. À Época, o presidente da Câmara disse que “não há mais volta, a partir desta sexta-feira, minhas relações com o governo estão rompidas”.
O PMDB de Cunha é o maior partido da coalizão governista e a legenda do vice-presidente da República, Michel Temer, e do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).Desde sua eleição como presidente da Câmara em fevereiro, o peemedebista tem sido uma dor de cabeça para o governo. Aproveitando-se da baixíssima popularidade de Dilma, ele assumiu o controle da agenda Legislativa e impôs algumas derrotas ao governo no Congresso.
Ao comentar as acusações de envolvimento em esquema investigado pela Lava Jato, Cunha disse a jornalistas que “há um objetivo claro de constranger o Poder Legislativo”.
Na quinta-feira de manhã, antes das notícias com a acusação contra ele, Cunha disse que pretendia ter em 30 dias uma posição sobre um pedido de impeachment de Dilma protocolado na Câmara. Cabe ao presidente da Câmara acatar ou não um pedido de impeachment, que pode levar a um processo pelo afastamento do presidente da República.
– Na tese, a minha posição é que o impedimento tem que ser usado na forma da Constituição e não como recurso eleitoral -, disse na manhã de quinta.
– Essas coisas têm de ser resolvidas na política… O Brasil tem um histórico de democracia se consolidando no tempo, não dá para a gente andar para trás – completou.
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