Oxfam diz que 10% dos mais ricos geram mais da metade das emissões de CO2

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Publicado quarta-feira, 2 de dezembro de 2015 as 12:49, por: CdB

Por Redação, com ABr – de Paris:
A organização não governamental britânica Oxfam afirmou nesta quarta-feira que 10% dos habitantes mais ricos do mundo são responsáveis por mais da metade das emissões de dióxido de carbono (CO2). Em relatório divulgado durante a 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), em Paris, a Oxfam informou que, no sentido inverso, metade dos mais pobres no planeta é responsável por apenas 10% das emissões poluentes.
– As alterações climáticas estão intrinsecamente ligadas às desigualdades econômicas. É uma crise induzida pelas emissões de gases de efeito estufa que afetam mais duramente os pobres – diz o relatório intitulado “Desigualdades Extremas e Emissões de CO2“.
O documento informa que uma pessoa que faça parte do 1% da população mais rica do mundo “gera, em média, 175 vezes mais” dióxido de carbono do que a que está entre os 10% mais pobres do mundo.

A Oxfam informou que, no sentido inverso, metade dos mais pobres no planeta é responsável por apenas 10% das emissões poluentes
A Oxfam informou que, no sentido inverso, metade dos mais pobres no planeta é responsável por apenas 10% das emissões poluentes

Apesar de o cálculo das emissões de CO2 ser feito geralmente em função da produção por país, o estudo analisa sobretudo as formas de consumo individual e tem em conta os produtos importados, comparando ainda os efeitos desses modos de vida sobre o clima.
O relatório da Oxfam mostra também que, mesmo que as emissões totais dos grandes países emergentes progridam muito rapidamente – a China é o mais poluidor do mundo -, “as emissões ligadas ao modo de consumo dos habitantes mais ricos desses países são bem menores do que as dos seus equivalente nos países ricos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico”.
A Oxfam acrescenta que a Índia, o terceiro país mais poluidor do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos, deverá destronar os norte-americanos até 2030.
– É certo que as emissões aumentam rapidamente nos países em desenvolvimento, mas grande parte delas é proveniente da produção de bens de consumo noutros países – ressalta a organização não-governamental britânica.
– Os países em desenvolvimento devem fazer a sua parte, mas cabe aos países ricos mostrar o caminho e assumir as consequências desastrosas do seu modo de consumo e de desenvolvimento – acrescenta o documento.
No início de novembro, os economistas franceses Lucas Cancel e Thomas Piketti divulgaram estudo semelhante e demonstraram que um norte-americano emite, em média, 22,5 toneladas dióxido de carbono equivalente por ano, valor que é de apenas 2,2% quando se trata de um cidadão africano.

Acordo sobre o clima

Em sua última declaração na 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), em Paris, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse na terça-feira que ações para evitar o aquecimento global são essenciais para a economia e a segurança mundiais e devem ser realizadas assim que possível.
Obama defendeu que um acordo sobre o clima deve ser vinculante, ao menos no que diz respeito à transparência e a uma revisão periódica dos objetivos de diminuição de emissão de gás carbônico.
Segundo o presidente norte-americano, esta deve ser uma prioridade mundial e, se algo não for feito rapidamente, “vamos ter que direcionar cada vez mais recursos, não para oportunidades de crescimento da humanidade, mas para nos adaptar às várias consequências da mudança climática”.
– Será difícil alcançar um acordo entre 200 países, mas estou convencido de que faremos grandes coisas – disse, durante coletiva de imprensa.