Rio de Janeiro, 10 de Janeiro de 2025

OIM: cerca de 6 mil imigrantes chegaram à Itália

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Sexta, 15 de Abril de 2016 às 10:20, por: CdB

Desde o início de 2016, 177.200 pessoas chegaram à Europa por meio do Mediterrâneo, segundo a organização. Mais de 153 mil chegaram à Grécia e mais de 23 mil à Itália

Por Redação, com ABr - de Genebra/Berlim:

Cerca de 6 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo e chegaram à Itália desde terça, informou nesta sexta-feira a Organização Internacional das Migrações (OIM), alertando que começou a “estação” das travessias.

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A grande maioria chegou à Itália, 5.490 entre terça e quinta-feira e 357 hoje - e apenas 174 à Grécia

Em quatro dias, de terça até esta sexta-feira, 6.021 imigrantes fizeram a perigosa travessia do Mediterrâneo e entraram na Europa. Só na manhã de hoje chegaram 357 pessoas, disse um porta-voz da organização, Joel Millman, à imprensa em Genebra.

A grande maioria chegou à Itália, 5.490 entre terça e quinta-feira e 357 hoje - e apenas 174 à Grécia.

– O pessoal da OIM falou com muitos dos imigrantes e informou que o ponto de partida de todos foi a Líbia. Muitos vêm da África Subsaariana e registramos um aumento dos que vêm do Corno de África, em particular da Eritreia – disse, em comunicado, o diretor do Gabinete de Coordenação da OIM em Roma, Federico Soda.

– Para já, não é possível estabelecer uma relação entre o aumento das chegadas no Mediterrâneo central e o acordo União Europeia-Turquia ou o encerramento da rota dos Balcãs. A maioria das pessoas que chegam da Líbia é africana, muito poucos sírios vieram da Líbia nos últimos meses – acrescentou.

O porta-voz disse ainda que, com o aumento das temperaturas que marca o início da “estação” das travessias, a Itália deverá continuar a registrar números elevados de chegadas nas próximas semanas.

Desde o início de 2016, 177.200 pessoas chegaram à Europa por meio do Mediterrâneo, segundo a organização. Mais de 153 mil chegaram à Grécia e mais de 23 mil à Itália.

No mesmo período, 375 pessoas morreram ou desapareceram na rota marítima oriental (para a Grécia e o Chipre) e 352 na rota central (para a Itália).

Lei para integração

A primeira-ministra alemã Angela Merkel anunciou na quinta-feira que os partidos da coalizão do governo chegaram a um acordo e apresentaram a Lei de Integração de Migrantes e Refugiados, a primeira na história do país.

Entre as medidas, está a criação de 100 mil oportunidades de trabalho para refugiados, os chamados “empregos de 1 euro”. Solicitantes de asilo poderão realizar pequenos trabalhos, que pagam entre 1 e 2,50 euros.

Além disso, eles continuarão recebendo auxílio-moradia e apoio financeiro mensal do governo. Outra mudança implica suspensão por três anos de uma lei que dá preferência a alemães e a outros cidadãos da União Europeia na oferta de uma vaga de emprego.

Ao mesmo tempo em que flexibiliza regras para facilitar o acesso ao mercado de trabalho, a lei exige contrapartidas. Refugiados que não participarem dos cursos obrigatórios de integração, que envolvem o ensino da língua até o nível intermediário e aulas sobre política e sociedade, terão os benefícios cortados.

A proposta da lei precisa ser aprovada pelo gabinete de governo, que se reunirá no dia 24 de maio. Mas o acordo foi celebrado pela primeira-ministra e pelo vice, Sigmar Gabriel, como um “passo histórico”.

Há, contudo, críticas. A organização não governamental alemã Pró-Asilo chamou o novo pacote de “lei de desintegração”. Apesar de considerar importante o acesso facilitado ao mercado de trabalho, a organização condena as medidas punitivas e afirma que elas encorajam o preconceito de que os refugiados não querem se integrar.

– O que existe é um déficit de cursos de integração promovidos pelo governo federal, e não uma falta de vontade dos refugiados – disse o dirigente da Pró-Asilo, Günter Burkhardt. O tempo de espera por uma vaga nesses cursos, que oficialmente é de três meses, mas pode ser mais longo, será reduzido para seis semanas, segundo o governo.

Desafios

Desde que a crise de migração e refúgio atingiu o auge, em meados de 2015, a primeira-ministra, Angela Merkel, sofreu bastante pressão dentro da própria coalizão de governo diante das políticas de abertura para refugiados.

O primeiro passo para lidar com as críticas foi liderar o polêmico acordo com a Turquia, fechado em março, para conter o fluxo migratório para a União Europeia. Implementado há apenas dez dias, ainda não é possível avaliar o plano.

É certo, porém, que o fechamento da rota dos Bálcãs, pouco antes do acordo com o governo turco, teve efeito sobre o ritmo de novas chegadas na Alemanha. Em dezembro do ano passado, foram cerca de 120 mil. Em março, pouco mais de 20 mil. Segundo o Ministério do Interior alemão, a taxa de chegadas diária está abaixo de 200 pessoas.

– O outro desafio – disse Merkel, “é registrar e integrar esse grande número de pessoas que chegou ao país”. No ano passado, a contagem de imigrantes e refugiados que entraram em território alemão atingiu o recorde de mais de um milhão e foram registrados mais de 476 mil solicitações de refúgio. Mas o debate em torno da integração de imigrantes não é novo.

Após o encontro de hoje que selou a proposta da lei, o líder parlamentar do Partido Social Democrata Alemão, que faz parte da coalizão do governo, Thomas Oppermann, escreveu no Twitter, em tom irônico: “50 anos depois do início da imigração, a Alemanha tem agora uma Lei de Integração.”

Após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), a Alemanha criou um esquema para trazer os chamados “Gastarbeiter” (ou “trabalhadores convidados”). Vindos principalmente da Turquia, eles tinham como função ajudar na reconstrução da Alemanha.

– Desde os anos 60, quando muitos desses trabalhadores chegaram, o governo alemão dizia 'Nós não somos um país de imigração'. E era esperado que essas pessoas, cerca de 3 milhões, fossem embora depois – explica a historiadora alemã de origem grega Maria Alexopoulou, especialista em História da Migração. “Muitos foram, mas muitos ficaram e começaram a construir famílias. Ficaram aqui, mas não tinham a possibilidade de serem iguais.”

A historiadora coloca o conceito de “migração para trabalho, sem integração” como uma das raízes dos movimentos de extrema direita contra refugiados e muçulmanos, que têm ganhado força no país em meio à crise migratória.

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