Rio de Janeiro, 03 de Maio de 2025

Mortes violentas aumentam 55,3% nas UPPs

O indicador de mortes violentas, soma de homicídio doloso, homicídio decorrente de intervenção policial, roubo seguido de morte e lesão corporal seguida de morte, nas 38 unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio aumentou 55,3% no primeiro semestre de deste ano na comparação com o mesmo período de 2014.

Terça, 17 de Novembro de 2015 às 08:34, por: CdB
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro: O indicador de mortes violentas, soma de homicídio doloso, homicídio decorrente de intervenção policial, roubo seguido de morte e lesão corporal seguida de morte, nas 38 unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio aumentou 55,3% no primeiro semestre de deste ano na comparação com o mesmo período de 2014.
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No primeiro semestre de 2015, seis policiais foram mortos em serviço
De acordo com dados divulgados na segunda-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), das 73 mortes violentas no primeiro semestre de 2015 nas áreas de UPP, 56 foram casos de homicídio doloso. Segundo o ISP, “o aumento dos homicídios dolosos ocorreu, em grande parte, pelo conflito entre facções em maio nas comunidades da região central do Rio (comunidades da Coroa, Fallet, Fogueteiro e São Carlos), quando 11 pessoas morreram”. No primeiro semestre de 2015, seis policiais foram mortos em serviço nas UPPs do Alemão, da Cidade de Deus, da Fazendinha e de São Carlos. No primeiro semestre de 2014, cinco policiais morreram em serviço. Para o sociólogo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rodrigo Monteiro, o número indica que há um esgotamento desse modelo de policiamento em decorrência da ausência de um projeto claro de transformação, de mudança no comportamento da Polícia Militar e na relação da polícia com o morador das regiões onde estão as UPPs. – A UPP não conseguiu acabar de vez com o tráfico armado nem se estabelecer como poder legítimo na favela, por causa de muitas falhas na formação do policial. A relação do policial com o morador, inclusive o traficante, se desgastou muito porque ele começou a tentar controlar a vida social da favela sem ter consentimento para isso. Por exemplo, proibir festas juninas e o baile funk, entre outros. Não teve apoio de grande parte dos moradores para que o projeto fosse à frente. Isso fortaleceu o tráfico. Monteiro afirmou que o projeto da UPP é falho porque não deu certo a ideia de o policial abandonar o uso do fuzil dentro da comunidade. “A própria ideia de uma polícia com maior interação com o morador não ocorreu. Eles continuam muito isolados na maioria das favelas. O morador acabou ficando irritado com a UPP na medida em que ela foi assumindo um poder que não deveria ter assumido, como regular a festa na rua. O policial resolveu controlar de forma arbitrária.” O sociólogo acrescentou que é necessário repensar o modelo de combate às drogas, que ainda usa a lógica do enfrentamento violento. – O policial não desarmou a ideia de que o tipo de enfrentamento ao consumo e à venda de drogas não produz o resultado desejado pelo conjunto da sociedade. Enfrentar a droga dessa forma não resolve o problema porque continua matando muita gente, continua gerando muita corrupção. Essa proibição irrestrita tem de ser repensada.
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