Marina enfrenta reação no PSB mas acende luz vermelha no ninho tucano

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Publicado Quinta, 21 de Agosto de 2014 às 11:27, por: CdB
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Alckmin, Serra, FHC e Aécio Neves reuniram-se até altas horas nesta quinta-feira
Aumenta a tensão formada entre adeptos da Rede Sustentabilidade, facção política comandada pela candidata ao Palácio do Planalto na legenda do PSB, Marina Silva, e os partidos que integram a aliança formada por Eduardo Campos, ex-governador pernambucano e candidato a presidente da República, morto durante acidente aéreo, em São Paulo. Na noite passada, Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB e coordenador da campanha de Eduardo Campos, um dos fundadores da legenda, rompeu relações com a nova postulante ao comando da nação. – Pela maneira grosseira como ela me tratou. Eu havia anunciado que minha função estava encerrada com a morte do meu amigo. Na reunião (de quarta-feira passada) ela foi muito deselegante comigo. Eu disse que não aceitaria aquilo e afirmei: 'a senhora está cortada das minhas relações pessoais – disse Siqueira ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo. Militante histórico do partido, Siqueira preferiu não descer a detalhes sobre a reunião entre Marina e os integrantes do PSB, mas desabafou: – Não estou e não estarei em hipótese alguma na campanha desta senhora. Marina teria dito que Siqueira não precisaria mais se preocupar com a coordenação da campanha, ao que reagiu prontamente: – Se ela comete uma deselegância no dia em que está sendo anunciada candidata, imagine no resto. Com ela não quero conversa – disse. Deselegância também foi o motivo alegado para que o PSL, um dos partidos que integravam a base de apoio ao PSB, desembarcasse da candidatura de Marina Silva. O partido liberou seus diretórios, em nível nacional, para que apoiem os candidatos que julgarem melhor. Em Pernambuco, o deputado federal Mendonça Filho (DEM) também sinalizou que não estará mais no palanque de Marina Silva. Embora seja um partido pequeno, a saída do PSL deverá impactar diretamente o tempo de televisão que a coligação Unidos pelo Brasil tem atualmente. O presidente do PSL, Luciano Bivar, diz que marina deverá perder entre seis e oito segundos, dos dois minutos e três segundos hoje à sua disposição. – Mas a perda maior serão os 780 vereadores e 36 prefeitos – ressaltou Bivar, em conversa com jornalistas do diário Folha de Pernambuco. O PSL se queixou da falta de diálogo com o PSB após a morte de Campos. Em Pernambuco o deputado federal e presidente do DEM, Mendonça Filho, justificou a sua saída do palanque de Marina alegando que com a sua ligação era com Eduardo Campos e que irá deixar a coligação por não possuir afinidades com a candidata. Embora o DEM esteja aliado em nível nacional com a candidatura do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), Mendonça havia sido libertado para apoiar a candidatura de Campos à Presidência da República. O deputado, porém, confirmou que continuará apoiando Paulo Câmara (PSB) para o Governo do Estado. Sinal de alerta Após tomar conhecimento das pesquisas que apontam a derrota do candidato tucano, Aécio Neves, com a consolidação da candidatura de Marina Silva, o PSDB convocou uma reunião com a cúpula de seu partido e as principais siglas aliadas, nesta quinta-feira, para avaliar o estrago. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) também estiveram com Aécio na noite passada para discutir o ingresso da ex-senadora na corrida ao Planalto. Além do presidenciável, Alckmin, Agripino e FHC, participaram do encontro de quarta-feira o vice na chapa presidencial, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), o ex-governador José Serra e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Já nesta terça-feira, o coordenador-geral da campanha, Agripino Maia (DEM-RN), passou o dia em reuniões com todos os apoiadores regionais de Aécio, analisando a situação Estado por Estado. Ele entregou a Aécio relatório da análise durante a conversa da cúpula da campanha, ocorrida no Palácio dos Bandeirantes, na ala residencial da sede do governo paulista. Foi a primeira reunião desde a morte do ex-governador e presidenciável Eduardo Campos, em um acidente aéreo, na semana passada. O encontro ocorreu após Aécio cumprir agenda na capital paulista e utilizar seu discurso para afastar informações de que a entrada de Marina no cenário tenha enfraquecido sua campanha. – Em eleição tem muita especulação. Quero dizer que não sei contra quem vou, mas tenho certeza que estarei no segundo turno – afirmou, em ato com sindicalistas. Desde o início da semana, estrategistas do PSDB têm monitorado diariamente os números dos presidenciáveis, com Marina na disputa, e os números são preocupantes para Neves. Os analistas constataram que ela ganha terreno em "Estados-chave" para o tucano, como São Paulo e Minas Gerais. Recado aos empresários Na noite passada, a nova candidata do PSB criticou a presidente Dilma Rousseff pela crise no setor energético e prometeu que, se eleita, seu esforço será pela estabilização da economia do país. – Sabemos que os investimentos têm que acontecer no nosso país e isso vai acontecer quando tivermos uma nova base política que dê credibilidade para os investimentos. Poderemos combinar os instrumentos da macroeconomia com a microeconomia para que o Brasil possa voltar à estabilidade econômica, esse será o nosso esforço – disse Marina, em uma mensagem clara ao mercado financeiro. Marina reafirmou também o compromisso com o sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e autonomia do Banco Central, lembrando que já defendia essas posições em 2010, quando foi candidata à Presidência pelo PV e teve quase 20 milhões de votos. Ela partiu para o ataque contra a petista, que busca a reeleição, quando falou sobre a crise do setor energético. – É lamentável que tenhamos desde 2002 a ameaça de apagão. Eu digo lamentável porque nós temos há 12 anos a mesma pessoa à frente da política energética do nosso país, inicialmente como ministra (de Minas e Energia), depois como chefe da Casa Civil e agora como presidente da República – concluiu. Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na madrugada de segunda-feira mostrou no cenário de primeiro turno Dilma com 36% das intenções de voto, seguida por Marina com 21% e Aécio Neves, candidato do PSDB, com 20%. A margem de erro da sondagem é de 2 pontos percentuais. Em simulação de um eventual segundo turno com a presidente Dilma, Marina apareceu na pesquisa com 47% contra 43% da petista.
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