O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protestou contra a forma com que foi levado para dar esclarecimentos
Por Redação, com ABr - de Brasília:
O ex-presidente Luiz Inácio da Lula depôs, nesta sexta-feira, por cerca de três horas no escritório da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, zona sul paulistana. Segundo o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), as declarações foram prestadas para dois procuradores na presença de três advogados, entre eles Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins.
De acordo com o deputado, foram abordados diversos assuntos, como as palestras que o ex-presidente concedeu após deixar o Palácio do Planalto e a ligação com um sítio em Atibaia, interior paulista. Também foram alvo de questionamentos, segundo Teixeira, a relação de Lula com o apartamento tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e os bens que Lula recebeu nos dois mandatos na presidência do país, que devem ser mantidos por ele como acervo histórico.
- [O depoimento] foi tranquilo em relação ao fato de que ele não deve nada, não tem nenhum problema de ordem jurídica - destacou o parlamentar.
Lula, no entanto, protestou contra a forma com que foi levado para dar esclarecimentos. O ex-presidente foi trazido de sua casa, em São Bernardo do Campo, na região do Grande ABC, sob um mandado de condução coercitiva.
- Ele registrou que já atendeu a inúmeras intimações da Polícia Federal e do Ministério Público, que passam de dez, e, portanto, não precisava dessa violência - contou Teixeira.
- Essa operação hoje não tinha sentido jurídico. Bastasse um ofício, que ele compareceria. Ele já compareceu na Polícia Federal, no Ministério Público Federal, inúmeras vezes - acrescentou o deputado em crítica à operação desta sexta.
Em frente ao local onde Lulaprestava depoimento, houve confusão após a chegada de um grupo de militantes do PT e da Central de Movimentos Populares que trocaram agressões e ofensas com os manifestantes que criticavam o ex-presidente. Também houve tumulto no saguão do aeroporto. Além de xingamentos e agressões verbais, houve empurrões e bandeiradas. Ninguém ficou ferido. Depois da confusão, a Polícia Militar passou a tentar evitar o encontro dos grupos contrários.
Além da condução coercitiva, foram expedidos mandados de busca em diversos endereços do ex-presidente, como parte da 24ª fase da Operação Lava Jato. Segundo o procurador da República, Carlos Fernando Lima, Lula recebeu pagamentos, seja em dinheiro, presentes ou benfeitorias em imóveis das maiores empreiteiras investigadas na operação policial. De acordo com o procurador, foram cerca de R$ 20 milhões em doações para o Instituto Lula e cerca de R$ 10 milhões em palestras de empresas que também financiaram benfeitorias de um sítio em Atibaia e de um tríplex no Guarujá.
Dilma Rousseff
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, disse nesta sexta-feira que a presidenta Dilma Rousseff fez, no Palácio do Planalto, uma avaliação sobre a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depoimento na Polícia Federal, em São Paulo. Eles se reuniram com Dilma pela manhã.
- Ela protestou. Acha que as coisas estão fugindo um pouco da chamada normalidade do Estado Democrático de Direito e lamentou que isso esteja acontecendo. Deixou isso muito claro. Ela falou sobre a forma como isso [a condução] está acontecendo, que é exagerada - afirmou Fortunati.
- O ex-presidente Lula nunca se negou a depor, ele sempre usou os mecanismos legais para que seus depoimentos fossem colhidos, sempre foi ao Poder Judiciário, e a presidenta entende que houve um exagero nesta condução forçada do ex-presidente Lula esta manhã. Ela mostrou sua insatisfação com essa situação - acrescentou.
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