Lava Jato: investigação aponta propina de R$ 26 milhões para Collor

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Publicado Quarta, 05 de Agosto de 2015 às 10:15, por: CdB
Por Redação, com agências - de Brasília: O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) foi apontado nas investigações da Operação Lava Jato, que entre 2010 e 2014, ele teria recebido R$ 26 milhões como pagamento de propina por contratos firmados pela BR Distribuidora.
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O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL)
  Suspeito de participação em fraudes na Petrobras, Collor é um dos 48 políticos investigados pela Lava Jato e é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo investigadores, há indícios de que parte do dinheiro desviado tenha sido usado por Collor para compra de carros de luxo em nome de empresas de fachada. Alguns dos carros, uma Ferrari, um Porsche e um Lamborghini, foram apreendidos pela PF na Casa da Dinda, segundo infornações do portal G1. A Casa foi a residência oficial do presidente da República na época em que Collor ocupou o cargo. O advogado Fernando Neves, que defende Collor, disse que não comentará as suspeitas porque não obteve acesso a documentos da investigação. A defesa apresentou um pedido ao STF para que os carros apreendidos na Politeia sejam devolvidos.

Espontâneas e voluntárias

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou na terça-feira que os depoimentos de delação premiada de investigados na Operação Lava Jato foram tomados de forma espontânea e voluntária. Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Janot diz que são “absolutamente improcedentes” ilações de que poderia pedir o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a partir de depoimentos de investigados. No parecer, Janot explica que, desde o início das investigações, fez o procedimento correto e manteve a apuração em relação ao presidente da Câmara no STF. O procurador lembrou que o ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos que citam parlamentares envolvidos na Lava Jato, autorizou o prosseguimento da apuração sobre Cunha e determinou que o juiz Sergio Moro investigue quem não tem prerrogativa de foro. - Por fim, (é) absolutamente improcedente a ilação (que tangencia a irresponsabilidade dos limites de defesa) de que haveria interesse do procurador-geral da República em conseguir depoimentos que sustentem uma tese de influência indevida do reclamante nas investigações, a fim de instruir um absurdo pedido de afastamento do reclamante da presidência da Câmara dos Deputados - afirmou Janot. O entendimento do procurador faz parte do parecer no qual ele se manifesta contra pedido da defesa de Cunha, que pretende suspender a ação penal em que ele foi citado por Júlio Camargo, um dos delatores do esquema de corrupção investigado na Lava Jato. Segundo Camargo, Eduardo Cunha pediu US$ 5 milhões de propina para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Cunha é alvo de inquérito que tramita no STF e apura as acusações. O procurador também rebateu críticas sobre a suposta solicitação de prisões preventivas pelo Ministério Público para forçar os investigados a assinar acordos de delação premiada em troca de liberdade. - Especificamente em relação a depoimentos ou colaborações, nunca é demais realçar que eles devem ser espontâneos e voluntários, conforme preceituado em lei, disposições estas que foram e serão rigorosamente observadas pelo procurador-geral da República. Portanto, não são suposições, ilações ou quaisquer outras considerações fantasiosas que terão o condão de afastar o correto procedimento que se vem adotando na produção das provas - disse Janot. Após a divulgação do depoimento de Júlio Camargo, Cunha voltou a negar que tenha recebido propina. “Qualquer coisa que seja a versão é mentira. É mais um fato falso, até porque esse delator (Camargo), se ele está mentindo, desmentindo o que delatou, por si só ele já perde o direito à delação”, esclareceu à época o presidente da Câmara. Ex-ministro José Dirceu O ex-ministro José Dirceu deixou a superintendência da Polícia Federal (DF) em Brasília na terça-feira, para embarcar para Curitiba, onde estão presos outros suspeitos. Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF), o lobista Fernando Moura teria indicado a Dirceu o nome de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras, e de Celso Araripe para gerente na estatal. Araripe é investigado na Lava Jato de receber propina para providenciar aditivos em contrato da petrolífera com a Odebrecht. Na terça-feira, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, disse que a Operação Lava Jato e a prisão do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu não afetam a credibilidade nem interferem nas atividades cotidianas do governo federal. Segundo o ministro, a prisão de Dirceu é “um fato decorrente de um processo de investigação que já vem há alguns meses”, e que por isso tem de ser tratada “com serenidade e sem qualquer tipo de interferência na nossa atividade cotidiana”. – As autoridades do Poder Judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público conduzem a investigação. Cabe aos investigados tomar as providências que julgarem necessárias para se defender perante a Justiça – disse o ministro após participar da cerimônia de lançamento do Programa Usinas Digitais.   De acordo com Berzoini, o governo nunca impediu as investigações. “Ao contrário: o governo sempre manifestou publicamente seu apoio a todo tipo de investigação”, acrescentou.  
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